Desde nova mostrou tendência para a meditação e solidão, rezas e jejuns. Entre os seus pretendentes contavam-se Eduardo I de Inglaterra, Roberto de Anjou e D. Dinis de Portugal. Foi este quem o seu pai escolheu pois oferecia-lhe desde logo um trono. O contrato de casamento foi concertado em 24 de Abril de 1281 e tinha a particularidade de ser o primeiro celebrado em Portugal com escritura antenupcial, segundo o direito romano. Por ele, a nova rainha recebeu Óbidos, Abrantes, Porto de Mós com todas as suas rendas, e ainda 12 castelos. O seu pai, por seu turno, dotou-a com 10 mil maravedis e joias. Ficou célebre o cortejo que acompanhou a nova rainha a Portugal depois do casamento, realizado por procuração na cidade de Barcelona em 1288. De Bragança, onde era aguardada pelo infante D. Afonso, a comitiva, onde se incorporavam nobres portugueses, seguiu para Trancoso onde D. Dinis a esperava e onde, a 24 de Junho, se realizou a cerimónia de casamento que os cronistas celebrizaram.
Em 1304 regressou à sua terra natal quando D. Dinis aí teve de se deslocar como medianeiro do conflito entre Fernando IV de Castela e Jaime II de Aragão. Também em Portugal era constante a sua presença junto do marido nas deslocações que este fazia pelo reino; esse facto trouxe-lhe grande popularidade junto do povo, pois nessas alturas dava esmolas aos pobres, a raparigas pobres e distribuía alimentos. Não se alheou dos problemas políticos nacionais, interferindo na guerra civil que opôs o rei ao príncipe herdeiro D. Afonso; acusada pelo marido de favorecer os interesses do filho foi mandada sob custódia para Alenquer. No entanto, continuou a interessar-se pelo problema e foi por sua influência directa que se assinou a paz de 1322; no ano seguinte evita o reacender da luta colocando-se entre os exércitos preparados para a batalha. Depois da morte de D. Dinis (1325) recolheu-se nos Paços de Santa Ana, junto a Santa Clara de Coimbra.
Até à sua morte promoveu uma série de obras pias fundando ou ajudando à fundação de hospitais (Coimbra, Santarém, Leiria), asilos e albergarias (Leiria, Odivelas), mosteiros, capelas (Convento da Trindade em Lisboa, claustro em Alcobaça, capelas em Leiria e Óbidos). Deixou em testamento grandes legados a muitas destas instituições. Foi sepultada por sua vontade no Convento de Santa Clara e, no século XVII, o seu corpo foi trasladado para o novo mosteiro fundado por D. João IV em substituição do antigo, ameaçado pelas águas do Mondego, e depositada num cofre de prata e cristal.
O povo, desde cedo, considerou-a santa, atribuindo-lhe inúmeros milagres. A pedido de D. Manuel I, foi beatificada por Leão X (15-4-1516) e, em 1625, foi canonizada por Urbano VIII.
Lenda do Milagre das Rosas
Conta a lenda que o rei
D. Dinis foi
informado sobre as
acções de caridade
da rainha D.
Isabel e das
despesas que implicavam
para o tesouro
real. Um dia,
o rei decidiu
surpreender a rainha
numa das suas
habituais caminhadas para distribuir esmolas e pão aos necessitados. Reparou que ela
procurava disfarçar o
que levava no
regaço. D. Dinis
perguntou à rainha
onde ia e
ela respondeu que
se dirigia ao
mosteiro para ornamentar os altares. Não
satisfeito com a
resposta, o rei
mostrou curiosidade sobre o que ela
levava no regaço.
Após alguns momentos
de atrapalhação, D.
Isabel respondeu: "São rosas, meu senhor!". Desconfiado, o rei acusou-a de estar a mentir, uma
vez que não
era possível haver
rosas em Janeiro.
Obrigou-a, então, a
abrir o manto
e revelar o
que estava lá
escondido. A rainha
Isabel mostrou, perante
os olhos espantados
de todos, as
belíssimas rosas que
guardava no regaço.
Por milagre, o
pão que levava
escondido tinha-se
transformado em rosas.
O rei ficou
sem palavras e
acabou por pedir
perdão à rainha
que prosseguiu com
a sua intenção.
A notícia do
milagre correu a
cidade de Coimbra
e o povo
proclamou santa a
rainha Isabel de
Portugal.
Fontes:
D. Dinis e D. Isabel de Aragão
Isabel de Aragão
O Milagre das Rosas - autor desconhecido 1540
Francisco de Zurbarán, Santa Isabel de Portugal