O
escritor açoriano João de Melo foi hoje escolhido cmo o 20.º vencedor do
galardão atribuído pela Universidade de Évora (UÉ), revelou à agência
Lusa fonte da academia alentejana
O escritor açoriano João de
Melo venceu hoje o Prémio Literário Vergílio Ferreira 2016, atribuído
pela Universidade de Évora (UÉ), revelou à agência Lusa fonte da
academia alentejana.O vencedor da 20.ª edição do galardão foi escolhido, ao final da manhã de hoje, durante uma reunião do júri do prémio, presidido por António Sáez Delgado e que, este ano, integra Elisa Esteves, Gustavo Rubim, Carlos Reis e a escritora Lídia Jorge.
Instituído pela Universidade de Évora (UÉ) em 1997, o Prémio Vergílio Ferreira destina-se a galardoar, anualmente, o conjunto da obra literária de um autor de língua portuguesa relevante no âmbito da narrativa e/ou ensaio.
A academia revelou que, na edição deste ano do galardão, a que teve "mais candidatos" desde sempre, "oriundos de três países", o júri escolheu o vencedor "por maioria".
"O júri congratulou-se pela alta qualidade das candidaturas apresentadas" e deliberou atribuir o prémio a João de Melo por considerar que a obra ficcional deste escritor é "reveladora de um imaginário transfigurador poderoso".
O que faz da obra de João de Melo, segundo o júri, "uma das mais relevantes da sua geração".
A cerimónia de entrega do 20.º Prémio Vergílio Ferreira está agendada para 01 de março, data em que se assinala a morte do escritor que dá nome ao galardão.
Este ano, realçou a UÉ, a sessão está integrada "num grande congresso internacional" comemorativo do centenário do nascimento do escritor, intitulado "Vergílio Ferreira: Entre o Silêncio e a Palavra Total".
O Prémio Vergílio Ferreira foi atribuído, pela primeira vez, a Maria Velho da Costa, seguindo-se Maria Judite de Carvalho, Mia Couto, Almeida Faria, Eduardo Lourenço, Óscar Lopes, Vítor Manuel de Aguiar e Silva e Agustina Bessa-Luís.
Manuel Gusmão, Fernando Guimarães, Vasco Graça Moura, Mário Cláudio, Mário de Carvalho, Luísa Dacosta, Maria Alzira Seixo, José Gil, Hélia Correia e Ofélia Paiva Monteiro e Lídia Jorge foram os outros galardoados.
Nascido na Ilha de São Miguel, nos Açores, em 1949, João de Melo foi estudar para o continente aos 11 anos, como aluno interno do seminário dos Dominicanos, entre 1960 e 1967.
"Abandonado o seminário, passa a viver em Lisboa, prosseguindo os estudos enquanto trabalha e iniciando colaborações na imprensa", sendo precisamente num jornal, o Diário Popular, que publicou "o seu primeiro conto, aos 18 anos", referiu a UÉ.
A partir daí, publicou contos, crítica literária e poemas em diversos periódicos, de Lisboa e dos Açores, e integrou "a geração literária que, sediada em Angra do Heroísmo e ligada ao suplemento literário do jornal A União, renovou a literatura açoriana contemporânea".
Foi incorporado no exército e destacado para Angola, permanecendo "27 meses numa zona de guerra", o que o marcou "em termos pessoais e literários, sendo tema de vários livros" da sua autoria, como é o caso do romance "Autópsia de Um Mar de Ruínas", considerado "uma referência na literatura portuguesa sobre a guerra colonial".
Após o 25 de Abril de 1974, João de Melo licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa, colaborou em diversas revistas literárias e, no início da década de 80, tornou-se professor do ensino secundário, profissão que reparte, até hoje, com a escrita literária.