janeiro 17, 2016

Miguel Torga

«Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria…
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.»

O seu verdadeiro nome é Adolfo Correia Rocha, no entanto, adoptou um pseudónimo, por influência de dois grandes escritores espanhóis Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno, e com o qual sempre assinou as suas obras. Considerado uma das mais marcantes figuras da literatura portuguesa do século XX, a sua obra abarca géneros como a poesia, o romance, o conto, o ensaio, as conferências e, sobretudo, o memorialismo e a diarística, assumindo, de forma superior, um papel relevante na cultura portuguesa.
Várias vezes premiado, nacional e internacionalmente, foram-lhe atribuídos, entre outros, o prémio Diário de Notícias (1969), o Prémio Internacional de Poesia (1977), o Prémio Montaigne (1981), o Prémio Camões (1989), o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1992) e o Prémio da Crítica, consagrando a sua obra (1993). Evocamos Miguel Torga, no 21.º aniversário da sua morte.