janeiro 09, 2016

D. Amélia, última Rainha de Portugal

Maria Amélia Luísa Helena de Orleães nasceu em Twickenham, a 28 de Setembro de 1865 e faleceu em Chesnay, a 25 de Outubro de 1951. Foi a última rainha de facto de Portugal.
Era filha de Luís Filipe Alberto de Orleães, conde de Paris, e da princesa Isabel de Orleães, filha dos duques de Montpensier. 
Quando a família Orleães foi banida de França, estabeleceu a sua residência em Inglaterra, onde Amélia nasceu. Sendo muito inteligente adquiriu muitos conhecimentos literários, afirmando-se ao mesmo tempo uma notável sports­woman. A par dos seus estudos,  feitos sob a direcção dos mais afamados professores, recebia também uma sólida educação de família ministrada pela mãe. Foi por intermédio da duquesa de Montpensier que se preparou o casamento da princesa Maria Amélia, sua neta, com o então príncipe D. Carlos. Foi o conselheiro Andrade Corvo, ministro de Portugal em Paris em 1886, o encarregado de entregar as cartas autografas, do rei D. Luís e da rainha  D. Maria Pia, ao conde e condessa de Paris, em que era pedida em casamento a princesa . Esta cerimónia realizou-se no palácio de Varennes no dia 7 de Fevereiro do referido ano.
Sendo favorável a resposta dos condes de Paris, o casamento de D. Carlos deixou de ser segredo de estado, e foi declarado oficialmente no dia 8 do citado mês e ano. A futura rainha de Portugal recebeu em Paris em 11 de Fevereiro as maiores provas de simpatia por parte da aristocracia francesa e dalgumas povoações de França.
No dia 15 de Maio realizou-se no palácio Galliera, da rua Varennes, em Paris, o baile de despedida, saindo a futura rainha de Portugal no dia 18, chegando a Lisboa a 19 às 5 horas da tarde. Foi uma verdadeira festa. O príncipe D. Carlos havia partido na véspera ao encontro da sua noiva, pernoitou na Pampilhosa, onde esperou o comboio em que vinha a princesa, com os seus pais, irmã e irmão, a princesa de Joinville, e todo o numeroso séquito que desde Paris a acompanhava. Depois de almoçarem na estação do caminho-de-ferro, seguiram no expresso para Lisboa, sendo em todas as estações saudados com entusiasmo. O comboio, como referido, chegou no dia 19 pelas 5 horas da tarde à estação de Santa Apolónia; onde os reais viajantes eram esperados por toda a família real, o duque de Aosta, a corte e o ministério. Dali seguiram todos em carros descobertos para o paço das Necessidades, que se destinara para a hospedagem dos condes de Paris no meio de grandes aclamações do povo que se aglomerava por todas as ruas daquele longo caminho.
A cerimónia do casamento realizou-se a 22 de Maio, vendo-se ornamentadas elegantemente todas as ruas por onde seguia o cortejo. Durante alguns dias houve pomposas festas: iluminações brilhantes, récitas de gala nos teatros de S. Carlos e de D. Maria, que se viam ricamente adornados, baile no paço da Ajuda, parada militar na Avenida da Liberdade, fogo de artifício, corridas de cavalos, tourada, dada pelo Turf Club, etc. 
D. Amélia fundou a Assistência Nacional aos tuberculosos, instituição de que nasceram os Dispensários e interessou-se particularmente pela prosperidade desta  obra. Mostrou sempre o maior interesse pela medicina, e pelos cuidados de enfermeira. Foi também muito dedicada às belas artes.
Em Junho de 1901 fez uma viagem à ilha da Madeira e aos Açores em companhia do rei   Percorreram a Madeira e todas as ilhas dos Açores, sendo recebidos em toda a parte com o maior entusiasmo, organizando-se festas brilhantes em sua homenagem. Em 1903, por conselho dos médicos, fez uma viagem ao Oriente, a bordo do iate D. Amélia, levando em sua companhia os seus filhos, o príncipe D. Luís Filipe e o infante D. Manuel.

A  tragédia de 1 de Fevereiro de 1908, em que foram assassinados  o rei D. Carlos I e o príncipe  D. Luís Filipe,lançou-a num profundo desgosto, do qual D. Amélia jamais se recuperou totalmente. Retirou-se então para o Palácio da Pena, em Sintra, não deixando porém de procurar apoiar, por todos os meios, o seu filho, o rei D. Manuel II, no período em que se assistiu ao degradar das instituições monárquicas. Encontrava-se justamente no Palácio da Pena, quando eclodiu a revolução de Outubro de 1910.
Após a proclamação da República Portuguesa, em 5 de Outubro de 1910, D. Amélia seguiu o caminho do exílio com o resto da família real portuguesa para Londres, Inglaterra. Depois do casamento de D. Manuel II, com Augusta Vitória de Hohenzollern-Sigmaringen, a rainha passou a residir em Château de Bellevue, perto de Versalhes, em França. Em 1932, D. Manuel II morreu inesperadamente em Twickenham, o mesmo subúrbio londrino onde a sua mãe havia nascido.
No dia 25 de Outubro de 1951, a rainha Amélia faleceu na sua residência em Versalhes, aos oitenta e seis anos. O corpo da rainha foi então trasladado pela fragata Bartolomeu Dias para junto do marido e dos filhos, no panteão real dos Bragança, na Igreja de São Vicente de Fora. Esse foi o seu último desejo na hora de sua morte. O funeral teve honras de Estado e foi visto por grande parte do povo de Lisboa.

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Retrato de D. Amélia (1905) - Vittorio Matteo Corcos
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D. Amélia como rainha de Portugal