Não poder com uma gata pelo rabo
Significado: Ser ou estar muito fraco; estar sem recursos.
Origem: O feminino,
neste caso, tem o objectivo de humilhar o impotente ou fraco a que se
dirige a referência. Supõe-se que a gata é mais fraca, menos veloz e
menos feroz em sua própria defesa do que o gato. Na realidade, não é
fácil segurar uma gata pelo rabo, e não deveria ser tão humilhante a
expressão como realmente é.
Mal e porcamente
Significado: Muito mal; de modo muito imperfeito.
Origem: «Inicialmente, a
expressão era “mal e parcamente”. Quem fazia alguma coisa assim, agia
mal e ineficientemente, com parcos (poucos) recursos.
Como parcamente não era palavra de amplo
conhecimento, o uso popular tratou de substituí-la por outra, parecida,
bastante conhecida e adequada ao que se pretendia dizer. E ficou ” mal e
porcamente”, sob protesto suíno.
Rés-vés Campo de Ourique
Significado: Ficar muito perto de alcançar algo.
Origem: A expressão
“rés-vés Campo de Ourique” remonta a 1755 quando o terramoto assolou
Lisboa tendo destruído a cidade até à zona de Campo de Ourique, que
ficou intacta. A partir daí o ditado generalizou-se.
Ficar a ver navios
Significado: esperar algo que não vem, não acontece, não aparece.
Origem: Deriva da
atitude contemplativa de populares, que se instalavam nos lugares mais
altos da cidade à espera de que uma lenda se tornasse realidade.
Eram os portugueses que ficavam a ver
navios, na esperança de que um dia voltasse à pátria o rei Dom
Sebastião, protagonista da batalha de Alcácer-Quibir, em Marrocos, em
que tropas lusitanas e marroquinas travaram violento combate em 1578.
Após o desaparecimento de Dom Sebastião na luta, difundiu-se a crença
que um dia regressaria a Portugal, para levar o país de volta a uma
época de conquistas.
Multidões que frequentavam o Alto de
Santa Catarina, em Lisboa, confiantes no regresso do rei, ficavam a ver
os navios que chegavam.
Outra explicação desta expressão
prende-se com as invasões francesas e a partida da família real para o
Brasil. Teriam as tropas francesas que se dirigiam à capital ainda
vislumbrado a sua partida do alto de uma das colinas de Lisboa, e daí a
expressão ficaram a ver navios, a partirem, literalmente, falhando na
captura da família real.
Andar à toa
Significado: Andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.
Origem: Toa é a corda
com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está “à toa” é o que
não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar.
Embandeirar em arco
Significado: Manifestação efusiva de alegria.
Origem: Na Marinha, em
dias de gala ou simplesmente festivos, os navios embandeiram em arco,
isto é, içam pelas adriças ou cabos (vergueiros) de embandeiramento
galhardetes, bandeiras e cometas quase até ao topo dos mastros, indo um
dos seus extremos para a proa e outro para a popa. Assim são assinalados
esses dias de regozijo ou se saúdam outros barcos que se manifestam da
mesma forma.
Cair da tripeça
Significado: Qualquer coisa que, dada a sua velhice, se desconjunta facilmente.
Origem: A tripeça é um
banco de madeira de três pés, muito usado na província, sobretudo junto
às lareiras. Uma pessoa de avançada idade aí sentada, com o calor do
fogo, facilmente adormece e tomba.
Fazer tábua rasa
Significado: Esquecer completamente um assunto para recomeçar em novas bases.
Origem: A tabula rasa ,
no latim, correspondia a uma tabuinha de cera onde nada estava escrito.
A expressão foi tirada, pelos empiristas, de Aristóteles, para assim
chamarem ao estado do espírito que, antes de qualquer experiência,
estaria, em sua opinião, completamente vazio. Também John Locke (1632
1704), pensador inglês, em oposição a Leibniz e Descartes, partidários
do inatísmo, afirmava que o homem não tem nem ideias nem princípios
inatos, mas sim que os extrai da vida, da experiência. «Ao começo»,
dizia Locke, «a nossa alma é como uma tábua rasa, limpa de qualquer
letra e sem ideia nenhuma. Tabula rasa in qua nihil scriptum. Como
adquire, então, as ideias? Muito simplesmente pela experiência.»
Ave de mau agouro
Significado: Diz-se de pessoa portadora de más notícias ou que, com a sua presença, anuncia desgraças.
Origem: O conhecimento
do futuro é uma das preocupações inerentes ao ser humano. Quase tudo
servia para, de maneiras diversas, se tentar obter esse conhecimento. As
aves eram um dos recursos que se utilizava. Para se saberem os bons ou
maus auspícios (avis spicium) consultavam-se as aves. No tempo dos
áugures romanos, a predição dos bons ou maus acontecimentos era feita
através da leitura do seu voo, canto ou entranhas. Os pássaros que mais
atentamente eram seguidos no seu voo, ouvidos nos seus cantos e aos
quais se analisavam as vísceras eram a águia, o abutre, o milhafre, a
coruja, o corvo e a gralha. Ainda hoje perdura, popularmente, a
conotação funesta com qualquer destas aves.