Filósofo inglês, nascido em Londres a 22 de janeiro de 1561 e falecido a 9 de abril de 1626, na Torre de Londres, era filho de Sir Nicholas Bacon (Guarda do Grande Selo) e de lady Anna Cook, sendo esta uma senhora rigorosamente puritana e seguidora de Calvino. Foi a sua mãe uma das grandes influências na sua forma de pensar e na escrita, contrabalançada pela família paterna, mais ligada ao mundo da corte. Dada a sua ascendência nobre, a partir dos quinze anos foi enviado para Cambridge, onde estudou Escolástica e Filosofia no Trinity College. Assim que a sua formação terminou, em 1577, começou a trabalhar no meio diplomático, concretamente em França e com o embaixador inglês Sir Amyas Paulet. Retornou pouco depois a Inglaterra, uma vez que a família passava por uma crise financeira, e iniciou a sua formação em Direito na Gray's Inn (onde lecionaria a partir de 1589). Concluiu a mesma em 1582 e dois anos depois foi deputado no Parlamento, seguindo-se a nomeação de Conselheiro da Coroa. O seu papel foi menos brilhante nas circunstâncias que levaram o conde de Essex à morte: o conde tinha protegido Bacon quando as críticas à política de impostos da rainha Isabel I o retiraram da cena pública, tendo inclusivamente dado ao advogado uma propriedade com um palacete. No entanto Essex foi acusado de traição, de apoiar o rival escocês que pretendia ocupar o trono onde se sentava a rainha, e Bacon, depois de tentar em vão que Essex desistisse da sua simpatia, acusou-o e, consequentemente, o conde foi condenado à morte. Bacon foi depois conselheiro do rei Jaime I, que lhe deu o título de "Sir", de barão de Verulamo e de visconde de Saint Alban, foi Guarda do Grande Selo, Lorde Protetor (1617) e, no seguinte ano, Lorde Chanceler. Com uma lealdade ao rei incontestável, acreditou no absolutismo monárquico, o que provocou uma onda de descontentamento por todo o reino, sobretudo no seio do Parlamento. O Chanceler foi então acusado de receber presentes da parte de pessoas interessadas em processos litigiosos sobre os quais ele opinava, sendo exonerado de todos os seus cargos em 1621 e encarcerado na Torre de Londres. Faleceu cinco anos depois. A face filosófica de Bacon baseou-se na tentativa de marcar um ponto de viragem e criar uma nova conceção, chamada Instauratio magna scientiarum, cuja passagem à escrita não foi concluída. Anti-escolástico e profundamente empirista, preconizava uma utilização do conhecimento científico que permitisse ao Homem dominar a Natureza. Para tal era necessário que determinados preconceitos ou "ídolos" (da tribo - como a alquimia e a astrologia -, da caverna - as imposições da sociedade -, da vida pública - má utilização da linguagem - e da autoridade - submissão plena à mesma), como explica nas suas obras, fossem mitigados ou ultrapassados, diluindo a sua importância. O domínio do conhecimento científico passava pela superação desses ídolos. Assim sendo, criou um método para estudar os fenómenos da Natureza e chegar ao conhecimento verdadeiro através do empirismo. Além da Instauratio magna scientiarum (composta por seis partes, escreveu diversas obras no âmbito da filosofia, como Novum organum, Meditationes Sacrae, New Atlantis, De fluxu et refluxu, Cogitationes de natura rerum, Inquisitio de motu e De interpretatione naturae. Produziu igualmente escritos de teor jurídico (Cases of treason, The elements of de common lawes of England e The learned reading os Sir Francis bacon upon the statute of uses) e literário (Colours of good and evil, History of Henry VII, De sapientia veterum e Essays).
Sir Francis Bacon
Frontispício da História da Royal Society de Londres. Bacon surge à direita