janeiro 04, 2016

Poema de Miguel Torga

Poema de Miguel Torga e imagem de sua casa em São Martinho de Anta, Sabrosa, donde era natural o médico escritor....

BORRALHO

Vou aquecendo os sonhos à lareira,
Sem reparar nas cinzas do brasido.
Ou olho-as distrído,
Na baça inconsciência
De que são a verónica da morte.
Sentado na cadeira habitual,
Diligência irreal
Que atravessa, morosa, a noite fria,
De mim próprio alheado,
Dou concreto calor à fantasia
Como se o lume fosse imaginado.


Diário IX

Miguel Torga