fevereiro 10, 2016

Poema de NUNO JÚDICE

NUNO JÚDICE, in ASSINAR A PELE-ANTOLOGIA CONTEMPORÂNEA SOBRE GATOS
 (Assírio & Alvim, 2001)

Um gato, em casa, sozinho, sobe
à janela para que, da rua o
vejam.
O sol bate nos vidros e
aquece o gato que, imóvel,
parece um objecto.
Fica assim para que o
invejem - indiferente
mesmo que o chamem.
Por não sei que privilégio,
os gatos conhecem
a eternidade.