fevereiro 07, 2016

PADRE ANTÓNIO VIEIRA

Passou ontem o dia do aniversário do seu nascimento, há 408 anos.
Grande mestre da língua portuguesa, jesuíta e, ao mesmo tempo, apóstolo do profetismo e do messianismo, o padre António Vieira (1608-1697), contemporâneo de D, João IV, empenhou-se na divulgação da crença no regresso do jovem rei D. Sebastião “numa manhã de nevoeiro”. Na verdade, esse regresso do Desejado convinha como motiva
ção do povo no apoio à luta pela consolidação da independência conquistada em 1640. Lutou pela abolição da escravatura, pela defesa de judeus e pelo fim da distinção entre cristãos de origem e cristãos-novos. Convenceu o rei a pôr fim ao confisco de bens ao “delito de judaísmo”, que a Inquisição aplicava aos cristãos-novos suspeitos. Foi crítico severo de alguns clérigos do seu tempo e, corajosamente, do poder e da Inquisição, atitudes que desagradaram aos inquisidores que o perseguiram e levaram à prisão.
Como missionário no Brasil, celebrizou-se pela luta que travou pelos direitos dos autóctones e pela abolição da escravatura. O seu apoio aos índios nos conflitos destes com os colonos que os escravizavam ficou na história.
Reconhecido como um dos oradores mais ilustres do século XVII, foi pregador oficial da corte e incumbido de delicadas missões no estrangeiro. Serviu-se do púlpito para semear a sua visão política da sociedade. Os seus sermões continuam a ser lidos por estudiosos da língua portuguesa.
Retenho uma frase de um destes admiráveis sermões, que diz, textualmente: “Se servistes a pátria, que vos foi ingrata, fizestes o que devíeis, ela o que costuma”.