PRIMAVERA, de Florbela Espanca.
 É Primavera agora, meu Amor! 
 O campo despe a veste de estamenha; 
 Não há árvore nenhuma que não tenha 
 O coração aberto, todo em flor! 
 Ah! Deixa-te vogar, calmo, ao sabor 
 Da vida... não há bem que nos não venha 
 Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha! 
 Não há bem que não possa ser melhor! 
 Também despi meu triste burel pardo, 
 E agora cheio a rosmaninho e a nardo 
 E ando agora tonta, a tua espera... 
 Pus rosas cor-de-rosa em em meus cabelos... 
 Parecem um rosal! Vem desprendê-los! 
 Meu Amor, meu Amor, é Primavera!.







