29 de Março de 1809: Invasões francesas. Desastre da Ponte das Barcas, no Porto, na fuga da população ao ataque do exército francês do general Soult.
No dia 12 de
Março de 1809 (durante a 2ª invasão francesa) o general Soult entrou em
Portugal, por Chaves e dirigiu-se ao Porto. A cidade foi conquistada e
saqueada pelas tropas francesas, havendo focos de resistência por parte
da população. Da Serra do Pilar as tropas portuguesas ripostaram como
puderam. A 29 de Março, os habitantes do Porto em fuga, dirigiram-se
para a “Ponte das Barcas”, tentando passar para o lado de Gaia. Perante
a fragilidade da ponte e a quantidade de pessoas que a atravessava
aquela cedeu e cerca de 4000 pessoas caíram e morreram nas águas do
Douro.
Após esta
tragédia Soult, querendo ganhar a simpatia dos portuenses, proibiu novos
saques, mandou patrulhar as lojas, mercados e igrejas para evitar novas
pilhagens, isentou o povo do direito de portagem e mandou distribuir
sopa às pessoas carenciadas.
No dia 12 de
Maio Soult foi batido no Porto pelas tropas anglo-lusas, comandadas pelo
Duque de Wellington e foi obrigado a retirar para Espanha, atravessando
a 18 de Maio a fronteira em Montalegre, acabando assim a segunda
invasão francesa.
Como surgiu a Ponte das Barcas
Ao longo dos
séculos a comunicação de pessoas e mercadorias entre as margens do Douro
era feita através de barcos. Apesar de vários projectos para a
construção de uma ponte sobre o rio Douro que servisse as populações do
Porto e de Vila Nova de Gaia, nomeadamente o da construção de uma ponte
em pedra, da autoria de Carlos Amarante, a primeira passagem seria
lançada somente no ano de 1806, tendo sido aberta ao público a 15 de
Agosto de 1806. Era constituída por 33 barcas, com cerca de mil palmos
de extensão e abria e fechava para dar passagem às grandes embarcações
que subiam e desciam o rio. Em tempo de cheias a ponte era desmantelada
para evitar a sua destruição.
Havia muita concorrência na sua passagem, sobretudo às terças e sábados. Os preços de passagem praticados eram os seguintes:
Cada pessoa a pé ……………………………... 5 réis
Cada pessoa a cavalo ………………………..20 réis
Carro de uma junta de bois …………….. 40 réis
Cadeirinhas de mãos ……………………….. 60 réis
Liteira …………………………………………….. 120 réis
Sege ………………………………………………….160 réis
À noite,
passados 45 minutos do sol-posto, os preços duplicavam, taxa que se
mantinha até 45 minutos antes do nascer do sol, em momento que era
anunciado pelo toque de um sino.
A “Ponte das
Barcas” revestiu-se de uma enorme importância para o desenvolvimento das
comunicações entre as zonas ribeirinhas, mas também no contexto
inter-regional, na ligação entre as margens norte e sul do rio Douro.
No entanto,
dadas as suas naturais limitações, a crescente necessidade do
desenvolvimento das comunicações e a melhoria dos meios técnicos a nível
da engenharia de pontes, nos anos 40 de oitocentos foi projectada nova
ponte, a nascente da velha “Ponte das Barcas”. A “Ponte Pênsil”, “Ponte
de Ferro”, ou “Ponte D. Maria II”, projectada e executada pelo
engenheiro Claranges Lucotte.
Fontes: memoriasgaiensesbibliotecadegaia
wikipedia(Imagens)
notícias.sapo.pt
Gravura de 1807, vendo-se a Ponte das Barcas
O desastre da Ponte das Barcas