dezembro 19, 2015

Machado de Castro e a tradição do Presépio

Sé Patriarcal de Lisboa
"A palavra «presépio» vem do latim «praesepe», cujo significado básico é «estábulo», ou «curral». Em Greccio, localidade italiana onde S.Francisco de Assis iniciou esta manifestação da Natividade, tudo foi muito simples e “reduzido” à manjedoura, um monte de palha, um boi e um jumento. São Francisco quis destacar a pobreza, a simplicidade e a humildade que são os sinais mais profundos do acontecimento de Belém que celebramos.
Ao longo dos séculos o Presépio foi sendo abordado por várias leituras e manifestações artísticas que lhe retiraram a pobreza e simplicidade na perspetiva de São Francisco mas que acrescentaram a beleza da criatividade humana. Assim aconteceu com o barroco nomeadamente em Portugal com artistas que marcaram o seu tempo e que nos deixaram verdadeiras obras de arte. Um deles é Joaquim Machado de Castro e o Presépio que se encontra na Sé Patriarcal (tal como o da Estrela, já aqui falado). De acordo com um texto do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura «os mestres da arte barroca não buscavam a beleza em si, para se recrearem com ela, mas sobretudo tinham como objectivo impressionar a imaginação e o coração das pessoas que na plateia conventual ou familiar se movimentavam. Estas, como espectadoras activas e interpeladas existencialmente, deveriam sentir a mensagem. De acordo com esta ideia, o presépio tornava-se um momento vital, um sermão estentórico, um apelo moral, mediante a representação de cenas da história e da vida, e para além delas». Outra característica destes presépios a associação de cenas da vida quotidiana do tempo em que foram criados; vale a pela por isso ver observar minuciosamente cada uma das peças quer pelo seu colorido quer especialmente pela «vida» que manifestam."