setembro 02, 2015

Poesia de Fernando Pessoa...

Há no firmamento
Um frio lunar.
Um vento nevoento
Vem de ver o mar.
Quase maresia
A hora interroga,
E uma angústia fria
Indistinta voga.
Não sei o que faça,
Não sei o que penso,
O frio não passa
E o tédio é imenso.
Não tenho sentido,
Alma ou intenção...
Estou no meu olvido...
Dorme, coração...

11-3-1917

Poesias. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).
Ilustração: Retrato de Fernando Pessoa em sanguínea, por Almada Negreiros, em 1915.