Com a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, em 1799, Portugal
passa a ser visto como território estratégico para os interesses
comerciais dos franceses sobre o Reino Unido da Grã-Bretanha e da
Irlanda. Portugal, juntamente com a Espanha (já aliada à França)
motivada por interesses que passariam pela repartição do reino português
em unidades políticas futuramente sujeitas à dupla governação francesa e
espanhola, teria de se juntar ao Bloqueio Continental decretado pela
França contra o Reino Unido da Grã-Bretanha. Deveria, para isso, fechar
os seus portos à navegação britânica, declarar guerra aos ingleses,
sequestrar os seus bens em Portugal e aprisionar todos os ingleses
residentes. Ora, foram justamente estas as exigências apresentadas, em
Julho de 1807, pelos representantes de França e de Espanha ao príncipe
regente de Portugal e que, doravante, viriam a transformar o território
português numa peça menor, embora ardilosa, na liça das ambições do
imperador francês.
A Batalha do
Buçaco (ou Bussaco, de acordo com a grafia de então), integrada na
última das três invasões napoleónicas a Portugal (com início
em Julho de 1810 e termo em Abril de 1811), foi uma das inúmeras
batalhas travadas entre os exércitos francês e anglo-luso, no entanto,
os antecedentes relativos à sua preparação, bem como as consequências de
um só dia de confronto (27 de Setembro de 1810), elevam-na a um plano
operacional de enorme conceito militar, não só pelo que ela representa
nos seus termos mais objectivos – derrota das brigadas do comandante
supremo Marechal André Masséna -, mas principalmente pelo que ela
representou na preparação de um confronto seguinte que decidiria o
enfraquecimento definitivo do invasor francês nas Linhas de Torres
Vedras.
A frustração
das derrotas da primeira e segunda invasões (entre 1807 e 1809), levou a
que Napoleão Bonaparte nomeasse para comandante do novo «Exército de
Portugal» o marechal André Masséna, um dos mais reputados marechais
franceses. Foi justamente sob as ordens deste marechal, e com o maior
exército dos que já tinham invadido Portugal (efectivo total de cerca de
65.050 homens) que se deram os confrontos no Buçaco entre o exército
anglo-luso (organizado em Divisões, somava cerca de 61.452 homens)
comandado pelo Tenente-General Arthur Wellesley, Visconde de Wellington e
futuro duque de Wellington, e os Corpos das brigadas francesas, de
entre os quais o 8º corpo militar organizado pelo experiente General
Andoche Junot, Duque de Abrantes.
Para avançar
sobre Portugal, foi necessário dominar a Praça Forte de Almeida
afastando a Divisão Ligeira de Craufurd. O Combate do Côa, a 23 de Julho
de 1810, foi o primeiro confronto em território português entre as
forças de Wellesley e os franceses, terminando na retirada do
Brigadeiro-General Robert Craufurd. A este último, e com o objectivo de
chegar o mais rapidamente possível a Lisboa, seguir-se-ia Coimbra com
passagem por uma excelente posição defensiva entre Penacova e Luso, isto
é, o Buçaco. Ora, Masséna, depois do Cerco de Almeida, retomou a marcha
a 15 de Setembro de 1810 rumo à íngreme Serra do Buçaco, com cerca de
15km de comprimento, onde já o aguardava, o General Wellesley.
Vindos de
Mortágua para Coimbra, os franceses avançaram até ao Buçaco e aí se
travou a batalha. Um resultado de cerca de 5000 baixas para os invasores
e cerca de 1300 baixas para os aliados anglo-lusos, a Batalha do Buçaco
passaria a significar um exemplo fulcral de tática defensiva em
contexto militar. A retirada das brigadas francesas deixou para trás um
campo de batalha devastado. A invasão, prosseguiria em direcção a sul,
onde o invasor haveria de encontrar
as Linhas (de Torres Vedras) que poriam um travão definitivo ao
Marechal Masséna bem como à consistência militar dos exércitos
desmoralizados de Napoleão Bonaparte.
wikipedia (Imagens)
Gravura de Thomas Sutherland 1785-? que representa a Batalha do Buçaco
O Marechal André Masséna
General Sir Arthur Wellesley, Duque de Wellington