Os Meus Livros
 Os meus livros (que não sabem que existo)
 São uma parte de mim, como este rosto
 De têmporas e olhos já cinzentos
 Que em vão vou procurando nos espelhos
 E que percorro com a minha mão côncava.
 Não sem alguma lógica amargura
 Entendo que as palavras essenciais,
 As que me exprimem, estarão nessas folhas
 Que não sabem quem sou, não nas que escrevo.
 Mais vale assim. As vozes desses mortos
 Dir-me-ão para sempre.
 Jorge Luis Borges