Último relatório do PISA analisa competência dos estudantes de 15 anos na resolução de problemas.
Dados hoje revelados provam que os
jovens portugueses têm mais facilidade em utilizar o seu conhecimento
para planear e executar a resolução, mas falham bastante quando se trata
de adquirir informação, questionar o seu conhecimento e criar e
experimentar alternativas
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É a primeira vez que o maior estudo
internacional sobre as competências de literacia dos alunos analisa a
capacidade de resolução de problemas, com recurso ao computador e de
forma interativa, simulando situação da vida real. E os alunos
portugueses de 15 anos não se saíram mal. Tal como aconteceu nos últimos
testes escritos do PISA (Programme for International Student
Assessment) que avaliaram a literacia matemática - divulgados no final
do ano passado - os resultados, apresentados esta terça-feira, ficaram
dentro da média.
De acordo com o estudo da OCDE, o desempenho de
Portugal está a par de países como Noruega, Irlanda, Dinamarca, Suécia e
Rússia. Mas no conjunto de 44 países e economias que participaram
nestes testes, envolvendo 85 mil alunos, voltaram a ser os asiáticos a
distinguir-se, ocupando sete dos dez primeiros lugares. Canadá,
Austrália e Finlândia completam o topo, que é liderado pelos alunos de
Singapura.
Uma das conclusões que fica patente no relatório do
PISA "Creative Problem Solving" é a diferença entre países na quantidade
de alunos que não conseguem ir além da resolução de problemas
elementares. A média na OCDE dos chamados low performers ronda os 20% (tal como acontece em Portugal). Mas no Japão, Coreia, Macau e Singapura esse valor não chega aos 10%.
No extremo oposto encontram-se os top perfomers,
capazes de resolver situações complexas, planear soluções e ajustar o
plano em função da informação recebida. Aqui Portugal afasta-se
significativamente da média e apenas 7,4% atingem os dois níveis de
desempenho mais elevados. A média da OCDE é superior (11,5%). Em
Singapura ou na Coreia supera os 25%.
Os testes propostos aos alunos simulavam situação do
dia a dia, que passavam, por exemplo, pela compra de bilhetes de comboio
numa bilheteira automática ou pela utilização de um leitor de mp3.
Cada exercício testava competências diferentes e
verificou-se que os jovens portugueses têm mais facilidade em utilizar o
seu conhecimento para planear e executar a resolução, mas falham
bastante quando se trata de adquirir informação, questionar o seu
conhecimento e criar e experimentar alternativas. O que leva os peritos
da OCDE a recomendar o desenvolvimento de competências de raciocínio que
permitam uma resolução mais eficaz dos problemas.
"Os jovens de 15 anos que têm hoje poucas competências
na resolução de problemas serão os adultos que amanhã estarão a lutar
para encontrar ou manter um bom emprego", afirma Andreas Schleicher,
diretor do departamento de Educação da OCDE. "Políticos e educadores
devem redesenhar os seus sistemas educativos e currículos de forma a
ajudar os alunos a desenvolver as suas competências nesta área e que são
cada vez mais requisitadas pelas econominas modernas", acrescenta.