março 19, 2013

Florbela Espanca

Torre de névoa

 Florbela Espanca 

Subi ao alto, à minha Torre esguia,
Feita de fumo, névoas e luar,
E pus-me, comovida, a conversar
Com os poetas mortos, todo o dia.

Contei-lhes os meus sonhos, a alegria
Dos versos que são meus, do meu sonhar,
E todos os poetas, a chorar,
Responderam-me então: “Que fantasia,

Criança doida e crente!
Nós também Tivemos ilusões, como ninguém,
E tudo nos fugiu, tudo morreu! ...”

Calaram-se os poetas, tristemente ... 
E é desde então que eu choro amargamente 
Na minha Torre esguia junto ao céu! ...
Torre de névoa

Florbela Espanca

Subi ao alto, à minha Torre esguia,
... Feita de fumo, névoas e luar,
E pus-me, comovida, a conversar
Com os poetas mortos, todo o dia.

Contei-lhes os meus sonhos, a alegria
Dos versos que são meus, do meu sonhar,
E todos os poetas, a chorar,
Responderam-me então: “Que fantasia,

Criança doida e crente!
Nós também Tivemos ilusões, como ninguém,
E tudo nos fugiu, tudo morreu! ...”

Calaram-se os poetas, tristemente ...
E é desde então que eu choro amargamente
Na minha Torre esguia junto ao céu