Alfredo Cristiano Keil (1850-1907), nascido em Lisboa, filho de pais alemães alemães radicados em Portugal, recebeu toda a sua educação na Alemanha (Nuremberga), berço do romantismo, onde estudou desenho e música.
Aos 20 anos regressa a Portugal, produzindo aqui o essencial da sua volumosa e diversificada obra, como pintor, poeta e músico, sendo, nesta última, a expressão artística que o tornou mais conhecido, a ponto de ofuscar a sua vastíssima e bela produção no domínio da pintura.
Chocado pelo ultimato inglês a Portugal, em 1890, compôs “A Portuguesa”, canto patriótico, com versos de Henrique Lopes de Mendonça, que seria mais tarde, em 1911, adoptada como hino nacional.
O impressionismo dava os primeiros passos em França, mas Keil manteve-se fiel ao romantismo, numa época em que o “realismo” ainda dominava a arte mundial. Como tal, foi excelente na pintura de paisagens, mas também na de interiores requintados, como se pode ver no seu quadro “Leitura de uma Carta” (1874).
Em 1890, aos 40 anos, realizou uma exposição individual em Lisboa, na qual apresentou cerca de trezentos dos seus quadros, tendo obtido grande aceitação entre a aristocracia e a burguesia endinheirada e conquistado uma apreciável parcela do mercado neste sector da arte.
Na música, para além da “Portuguesa”, deixou-nos a igualmente conhecida “Marcha Fúnebre” e foi grande como compositor das óperas Dona Branca (1888), Irene (1893) e Serrana (1899), então considerada a melhor ópera portuguesa. Na poesia, distinguiu-se em “Tojos e Rosmaninhos” (1907), com ilustrações do próprio.