A Baixa pombalina é o principal legado do engenheiro
militar que ajudou a reconstruir Lisboa após o terramoto de 1755. Foi,
porém, pelos arquivos da Torre do Tombo que Manuel da Maia arriscou a
vida para salvar o espólio das chamas que destruíram o Castelo de São
Jorge
Manuel da Maia está em toda parte. É nome de rua em Loures, no Seixal, em Portimão, nas Caldas da Rainha, em Sesimbra, Évora ou Amadora. Em Lisboa até lhe atribuíram uma avenida, na fronteira entre as freguesias de Arroios e São João de Deus. Levantar a Baixa da capital das ruínas após o terramoto de 1755, projectar o Aqueduto das Águas Livres, participar na construção do Convento de Mafra ou na reconstrução do Hospital das Caldas da Rainha são motivos mais que suficientes para qualquer município reivindicar o seu nome na toponímia da cidade.
Manuel da Maia, engenheiro militar, deixou um vasto legado para a história da arquitectura portuguesa mas pouco se sabe sobre a sua vida além da obra feita. Nem sequer se conhece o dia em que nasceu, o local de nascimento ou os nomes dos pais. E muito menos é lembrado pelo seu feito mais heróico. Se hoje os arquivos da Torre do Tombo estão intactos muito se deve ao seu guarda-mor. Pouco depois das nove da manhã de 1 de Novembro de 1755, Lisboa sucumbiu ao terramoto e ao maremoto. Enquanto a população fugia apavorada das explosões e dos múltiplos incêndios, Manuel da Maia, deixou a sua casa a arder e correu até ao topo do Castelo de São Jorge, onde estavam as instalações do Arquivo Real.
Tinha 75 anos, mas esqueceu-se das dores da idade e enfrentou as chamas para retirar os documentos. A coragem serviu de exemplo a empregados e populares, que, sob o seu comando, acabaram por resgatar todo o recheio, um património acumulado de 1161 a 1696 na torre do castelo. Os quase 90 mil documentos originais, reunidos em 526 calhamaços, ficaram armazenados num barracão improvisado próximo do castelo.
A solução provisória corria o risco de se tornar definitiva à boa moda portuguesa. Foi a teimosia do engenheiro militar que acabou por ditar mais uma vez os destinos do arquivo. Deu cabo da paciência ao Marquês de Pombal com sucessivas cartas, advertindo para os perigos a que o seu tesouro estava exposto. E foi portanto pela sua insistência que o espólio passou poucos anos depois para o Convento de São Bento.
Recuperado o Real Arquivo, o engenheiro lança-se à obra que o imortalizou. Foi nomeado engenheiro-mor do Reino e encarregado pelo Marquês de Pombal, ministro do rei D. José, de coordenar a reconstrução da Baixa pombalina. Para levar por diante a missão escolheu dois oficiais engenheiros da sua confiança - Eugénio dos Santos e Carlos Mardel. Tirando partido das experiências em digressões pela Europa, Manuel da Maia inspirou-se nas linhas do Convent Garden londrino para projectar o Terreiro do Paço e seguiu os modelos italianos para desenhar as habitações da Baixa com traço que ficou conhecido como pombalino.
A reconstrução da Baixa foi o maior legado de Manuel da Maia, mas o seu orgulho foram os arquivos reais e foi aos livros e papéis que regressou assim que pôde. Fez o levantamento das plantas de Lisboa oriental e ocidental, escreveu obras científicas e literárias, traduziu documentos históricos em latim, francês ou inglês. Aos 88 anos, doente e cansado, pediu para deixar da Torre do Tombo. Cinco dias depois morreu. Foi substituído como guarda-mor do arquivo, mas o cargo de engenheiro-mor do reino não voltou a ser ocupado.
Manuel da Maia está em toda parte. É nome de rua em Loures, no Seixal, em Portimão, nas Caldas da Rainha, em Sesimbra, Évora ou Amadora. Em Lisboa até lhe atribuíram uma avenida, na fronteira entre as freguesias de Arroios e São João de Deus. Levantar a Baixa da capital das ruínas após o terramoto de 1755, projectar o Aqueduto das Águas Livres, participar na construção do Convento de Mafra ou na reconstrução do Hospital das Caldas da Rainha são motivos mais que suficientes para qualquer município reivindicar o seu nome na toponímia da cidade.
Manuel da Maia, engenheiro militar, deixou um vasto legado para a história da arquitectura portuguesa mas pouco se sabe sobre a sua vida além da obra feita. Nem sequer se conhece o dia em que nasceu, o local de nascimento ou os nomes dos pais. E muito menos é lembrado pelo seu feito mais heróico. Se hoje os arquivos da Torre do Tombo estão intactos muito se deve ao seu guarda-mor. Pouco depois das nove da manhã de 1 de Novembro de 1755, Lisboa sucumbiu ao terramoto e ao maremoto. Enquanto a população fugia apavorada das explosões e dos múltiplos incêndios, Manuel da Maia, deixou a sua casa a arder e correu até ao topo do Castelo de São Jorge, onde estavam as instalações do Arquivo Real.
Tinha 75 anos, mas esqueceu-se das dores da idade e enfrentou as chamas para retirar os documentos. A coragem serviu de exemplo a empregados e populares, que, sob o seu comando, acabaram por resgatar todo o recheio, um património acumulado de 1161 a 1696 na torre do castelo. Os quase 90 mil documentos originais, reunidos em 526 calhamaços, ficaram armazenados num barracão improvisado próximo do castelo.
A solução provisória corria o risco de se tornar definitiva à boa moda portuguesa. Foi a teimosia do engenheiro militar que acabou por ditar mais uma vez os destinos do arquivo. Deu cabo da paciência ao Marquês de Pombal com sucessivas cartas, advertindo para os perigos a que o seu tesouro estava exposto. E foi portanto pela sua insistência que o espólio passou poucos anos depois para o Convento de São Bento.
Recuperado o Real Arquivo, o engenheiro lança-se à obra que o imortalizou. Foi nomeado engenheiro-mor do Reino e encarregado pelo Marquês de Pombal, ministro do rei D. José, de coordenar a reconstrução da Baixa pombalina. Para levar por diante a missão escolheu dois oficiais engenheiros da sua confiança - Eugénio dos Santos e Carlos Mardel. Tirando partido das experiências em digressões pela Europa, Manuel da Maia inspirou-se nas linhas do Convent Garden londrino para projectar o Terreiro do Paço e seguiu os modelos italianos para desenhar as habitações da Baixa com traço que ficou conhecido como pombalino.
A reconstrução da Baixa foi o maior legado de Manuel da Maia, mas o seu orgulho foram os arquivos reais e foi aos livros e papéis que regressou assim que pôde. Fez o levantamento das plantas de Lisboa oriental e ocidental, escreveu obras científicas e literárias, traduziu documentos históricos em latim, francês ou inglês. Aos 88 anos, doente e cansado, pediu para deixar da Torre do Tombo. Cinco dias depois morreu. Foi substituído como guarda-mor do arquivo, mas o cargo de engenheiro-mor do reino não voltou a ser ocupado.