setembro 20, 2016

Rainha Santa Isabel...






Santa Isabel, Rainha de Portugal
Pintura a óleo sobre tela, séc. XVIII
Dimensão: 103 cm x 85 cm

De autor desconhecido, o retrato da Rainha Santa Isabel de Portugal, que se encontra nas reservas do Tesouro-Museu, representa-a com o hábito de abadessa clarissa e o báculo abacial, uma referência à fase final da sua vida e à História do Convento de Santa Clara-a-Velha. Filha mais velha de Pedro III de Aragão e de D. Constança, D. Isabel de Aragão (1271-1336) casa, em 1282, com D. Dinis, em Trancoso, daí que apareçam retratadas, também, a coroa e as armas de Portugal e de Aragão.
A origem do seu nome pode ser encontrada na língua hebraica: ‘elisheba’, que significa ‘Deus jurou’ ou ‘Deus é plenitude, perfeição’” (Santos, 2011, 9). O nome da Rainha Santa Isabel aparenta ser um “prelúdio da espiritualidade, da nobreza de valores e sentimentos, da(s) cultura(s) que marcarão profundamente a vida de D. Isabel de Aragão” (Santos, 2011, 9).
A rainha era “influenciada pelo ambiente intelectual da época” (Santos, 2011, 22). Sendo extremamente culta, possuía uma “pequena biblioteca” e assinava os documentos que mandava lavrar (Santos, 2011, 22).
Hábil diplomata, a Rainha Santa Isabel fez diversas intervenções na esfera pública, nomeadamente, para acabar com as disputas entre o rei o seu filho, D. Afonso IV, que não via com bons olhos a relação de D. Dinis com os seus filhos bastardos. No fundo, disseminou a “concórdia”, distribuindo “esmolas e amor” e dando “protecção aos mais desfavorecidos”, como os pobres, os doentes, os órfãos e as viúvas (Santos, 2009, 11).
Refunda, em Coimbra, nas margens do rio Mondego, um mosteiro dedicado a Santa Isabel da Hungria, sua tia-avó, e a Santa Clara, onde se recolheu após a morte do rei, em 1325.
No retrato, a Rainha Santa Isabel é representada com rosas no regaço, uma alusão ao milagre atribuído a si e à sua tia. Segundo a tradição portuguesa, a rainha saía do Castelo do Sabugal numa manhã de Inverno com o objectivo de distribuir pães pelos mais desfavorecidos. Surpreendida por D. Dinis, que a questiona sobre o conteúdo que levava no regaço, a rainha responde: ‘São rosas, Senhor!’. Sendo Inverno, o rei estranhou a afirmação e, abrindo o manto, encontrou rosas ao invés dos pães que a rainha ocultava.
Quer Santa Isabel da Hungria e a rainha Santa Isabel de Portugal se destacaram pela nobreza de alma, o profundo sentido religioso e o amor divino. Deve-se a D. Dinis e à Rainha Santa o início da celebração do Espírito Santo em Portugal, comemorado, desde o séc. XIV, em Alenquer, nas Festas do Império do Espírito Santo, que se estendia desde o Domingo de Páscoa até ao Domingo de Pentecostes. Esta tradição acompanhou a diáspora portuguesa, sendo, hoje, muito celebrada nos Açores, África, Índia e Américas.
A Universidade de Coimbra, aquando da canonização da rainha, instituiu “um prémio para composições poéticas em latim, português, castelhano, italiano, grego e hebraico” (Santos, 2011, 57), um sinal do impacto da figura da Rainha Santa no mundo Ocidental.