setembro 30, 2016

Momentos de aprendizagem fora da BE...

A turma do 6º E com o Professor João Rovira teve momentos de aprendizagem nos bancos exteriores à Biblioteca Escolar no âmbito da disciplina de História e Geografia de Portugal. Estamos sempre a trabalhar em rede.











Formação de Utilizadores da BE

Hoje mesmo, entre as 10:15 e as 11:45, a turma do 5º B acompanhada pela Professora Elvira receberam Formação de Utilizadores dentro e fora da BE.
Foi uma sessão participada, interativa e divertida onde todos aprendemos bastante...







Miguel Torga, um escritor das Metas Curriculares

Autor de obras como "Os Bichos", "A Criação do Mundo" ou "Os Novos Contos da Montanha", o médico Adolfo Correia da Rocha escolheu outras letras para o seu nome de escritor: Miguel Torga (1907-1995).

Teve o seu berço na aldeia transmontana de São Martinho de Anta, ” a terra onde nasci e de onde verdadeiramente nunca saí”, como escreveu mais tarde.

Filho de lavradores, deixou a casa dos pais aos 10 anos para trabalhar e ganhar uns tostões. Foi moço de recados numa casa do Porto, viajou para o Brasil onde passou a adolescência ao serviço do tio, numa fazenda. O tio recompensou-o, quis fazer dele doutor em Coimbra. E assim se fez médico, Adolfo Correia da Rocha, nome de baptismo. (...)

setembro 28, 2016

“O papel das Bibliotecas Escolares no Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar: desafios e oportunidades”

“O papel das Bibliotecas Escolares no Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar: desafios e oportunidades” 

Ficam algumas sugestões....

"...a biblioteca tem potencial para agir!..."

"...é o sítio onde todas as disciplinas se cruzam..."

"...a biblioteca é outra via para trabalhar os conteúdos, é uma oportunidade de aprender a aprender..."

"...o que acontece na biblioteca não pode ficar fora da sala de aula..."







Já leu o Jornal das Letras com destaque para Valter Hugo Mãe?

Luís de Camões

-Camões,_por_Fernão_Gomes.jpg
O retrato de Camões por Fernão Gomes, em cópia de Luís de Resende. Este é considerado o mais autêntico retrato do poeta, cujo original, que se perdeu, foi pintado ainda em sua vida.
 Nasceu em Chaves? Passou por Coimbra? Viveu em Constância? Lutou em Marrocos? Os registos não existem e a genialidade da obra deixa o mito crescer e consolidar-se. Quem foi então Camões, o homem? Que vida terrena teve este deus das letras portuguesas?

Na biografia incessantemente revolvida e pesquisada de Luís de Camões as certezas são muito poucas. A passagem pela Universidade de Coimbra infere-se de uma cultura literária profunda que perpassa a obra escrita e também do parentesco com D. Bento de Camões, que terá sido chanceler na academia.

Registos, esses, não os há.  Como não existem os que provem o sítio onde nasceu, as casas onde viveu ou os sítios por onde passou e terá vivido aventuras, mas onde nem sempre, quase nunca, terá sido bem-aventurado...

Poema de Alberto Caeiro


Alberto Caeiro

Quando vier a Primavera,
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.


Ler mais:
http://portaldaliteratura.com/poemas.php?id=453

Poema de António Gedeão

António Gedeão

Impressão digital

Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

A 28 de setembro de 1863, nasce D. Carlos, "O Diplomata"

Monarca português, filho de D. Luís e de D. Maria Pia de Saboia, nasceu em Lisboa a 28 de setembro de 1863. Aí também morreu assassinado no dia 1 de fevereiro de 1908. Trigésimo terceiro rei de Portugal (1889-1908), ficou conhecido pelos cognomes de o Martirizado e o Diplomata. Casou em 1886 com D. Amélia de Orleães, princesa de França, filha dos condes de Paris, de cujo enlace nasceram D. Luís Filipe e D. Manuel. O seu reinado ficou marcado por eventos que fomentariam o espírito republicano e o descrédito crescente do regime monárquico.
O primeiro destes eventos aconteceria logo em 1890: o ultimato inglês, motivado pelo "Mapa cor-de-rosa" (1886) que punha em causa as pretensões do imperialismo britânico, nomeadamente o ensejo de ligar o Cabo ao Cairo. Portugal foi obrigado a abandonar os territórios africanos em questão, o que constituiu uma humilhante derrota para a diplomacia portuguesa e para o País. Este facto provocou uma explosão de sentimentos antibritânicos um pouco por todo o reino e em todos os quadrantes políticos. Este ambiente é aproveitado pelos republicanos que, após este incidente diplomático, reagem com maior veemência do que nunca. No Porto, estala uma revolta que acabaria por fracassar mas que proclamaria a República pela primeira vez na História portuguesa (o 31 de janeiro de 1891).
O rotativismo entre os Partidos Progressista e Regenerador entrara em descrédito, aumentando de eleição para eleição o número de representantes republicanos.
Assim, em maio de 1906, D. Carlos chama João Franco a formar Governo, o qual, contrariando promessas anteriormente feitas, encerra a Assembleia Legislativa e dá início a uma ditadura. A ditadura de João Franco desencadeou uma onda de protestos, sobretudo devido aos adiantamentos à Casa Real e à repressão política. Em 21 de janeiro de 1908, uma tentativa revolucionária foi dominada pelo Governo, tendo sido feitas inúmeras prisões. Na sequência deste movimento, foi elaborado um decreto que previa a deportação do reino para os conspiradores, decreto que D. Carlos promulgou. Passados poucos dias, em 1 de fevereiro de 1908, chegava a família real portuguesa a Lisboa vinda de Vila Viçosa, desembarcava junto do Terreiro do Paço e daí seguia para o Paço das Necessidades quando se deu o regicídio, no qual morreram D. Carlos e o seu filho D. Luís Filipe, o herdeiro do trono.

(Na imagem ,O Baptismo de D. Carlos)

setembro 27, 2016

A planta de uma casa ideal...

Mês Internacional da Biblioteca Escolar 2016

MIBE 2016
Este é o tema definido pela International Association of School Librarianship (IASL) para o Mês Internacional da Biblioteca Escolar (MIBE).
Para 2016, o Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares estabelece 24 de outubro como Dia da Biblioteca Escolar em Portugal.
O concurso de ideias “Aprende a descodificar o teu mundo” é a iniciativa que a RBE lança este ano para assinalar o MIBE.
A biblioteca escolar faz parte do nosso mundo e se olharmos para ela com atenção, se percebermos o seu funcionamento, se a descodificarmos, seremos capazes de ter ideias que ajudem a torná-la (ainda) melhor.
O desafio está lançado....

A não perder...

A 27 de setembro de 1810, deu-se a Batalha do Buçaco. Portugueses e ingleses enfrentam as forças de Napoleão.

Com a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, em 1799, Portugal passa a ser visto como território estratégico para os interesses comerciais dos franceses sobre o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda. Portugal, juntamente com a Espanha (já aliada à França) motivada por interesses que passariam pela repartição do reino português em unidades políticas futuramente sujeitas à dupla governação francesa e espanhola, teria de se juntar ao Bloqueio Continental decretado pela França contra o Reino Unido da Grã-Bretanha. Deveria, para isso, fechar os seus portos à navegação britânica, declarar guerra aos ingleses, sequestrar os seus bens em Portugal e aprisionar todos os ingleses residentes. Ora, foram justamente estas as exigências apresentadas, em Julho de 1807, pelos representantes de França e de Espanha ao príncipe regente de Portugal e que, doravante, viriam a transformar o território português numa peça menor, embora ardilosa, na liça das ambições do imperador francês.
A Batalha do Buçaco (ou Bussaco, de acordo com a grafia de então), integrada na última das três invasões napoleónicas a Portugal (com início em Julho de 1810 e termo em Abril de 1811), foi uma das inúmeras batalhas travadas entre os exércitos francês e anglo-luso, no entanto, os antecedentes relativos à sua preparação, bem como as consequências de um só dia de confronto (27 de Setembro de 1810), elevam-na a um plano operacional de enorme conceito militar, não só pelo que ela representa nos seus termos mais objectivos – derrota das brigadas do comandante supremo Marechal André Masséna -, mas principalmente pelo que ela representou na preparação de um confronto seguinte que decidiria o enfraquecimento definitivo do invasor francês nas Linhas de Torres Vedras. 
A frustração das derrotas da primeira e segunda invasões (entre 1807 e 1809), levou a que Napoleão Bonaparte nomeasse para comandante do novo «Exército de Portugal» o marechal André Masséna, um dos mais reputados marechais franceses. Foi justamente sob as ordens deste marechal, e com o maior exército dos que já tinham invadido Portugal (efectivo total de cerca de 65.050 homens) que se deram os confrontos no Buçaco entre o exército anglo-luso (organizado em Divisões, somava cerca de 61.452 homens) comandado pelo Tenente-General Arthur Wellesley, Visconde de Wellington e futuro duque de Wellington, e os Corpos das brigadas francesas, de entre os quais o 8º corpo militar organizado pelo experiente General Andoche Junot, Duque de Abrantes.
Para avançar sobre Portugal, foi necessário dominar a Praça Forte de Almeida afastando a Divisão Ligeira de Craufurd. O Combate do Côa, a 23 de Julho de 1810, foi o primeiro confronto em território português entre as forças de Wellesley e os franceses, terminando na retirada do Brigadeiro-General Robert Craufurd. A este último, e com o objectivo de chegar o mais rapidamente possível a Lisboa, seguir-se-ia Coimbra com passagem por uma excelente posição defensiva entre Penacova e Luso, isto é, o Buçaco. Ora, Masséna, depois do Cerco de Almeida, retomou a marcha a 15 de Setembro de 1810 rumo à íngreme Serra do Buçaco, com cerca de 15km de comprimento, onde já o aguardava, o General Wellesley. 
Vindos de Mortágua para Coimbra, os franceses avançaram até ao Buçaco e aí se travou a batalha. Um resultado de cerca de 5000 baixas para os invasores e cerca de 1300 baixas para os aliados anglo-lusos, a Batalha do Buçaco passaria a significar um exemplo fulcral de tática defensiva em contexto militar. A retirada das brigadas francesas deixou para trás um campo de batalha devastado. A invasão, prosseguiria em direcção a sul, onde o invasor haveria de encontrar as Linhas (de Torres Vedras) que poriam um travão definitivo ao Marechal Masséna bem como à consistência militar dos exércitos desmoralizados de Napoleão Bonaparte.
Ficheiro:Batalha do Buçaco.jpg
Gravura de Thomas Sutherland 1785-? que representa a Batalha do Buçaco 
Ficheiro:Andre-massena.jpg
O Marechal André Masséna
Ficheiro:Wellington by Daw.jpg
General Sir Arthur Wellesley, Duque de Wellington

A 27 de setembro de 1915, morre Ramalho Ortigão, escritor e jornalista português, um dos principais nomes da geração de 70, autor de "As Farpas" e de "O Mistério da Estrada de Sintra", com Eça de Queiroz.

Homem de letras português, um dos vultos mais destacados da Geração de 70, José Duarte Ramalho Ortigão nasceu a 24 de Outubro de 1836, no Porto , e morreu a 27 de Setembro de 1915, em Lisboa . Oriundo de uma família abastada da burguesia portuense e filho de um combatente pela causa liberal, Ramalho conviveu durante a infância com o ambiente rural da casa da avó materna, tendo sido criado, como confessa, "como um pequeno saloio". Na adolescência, enquanto convalescia de uma febre, tomou contacto com as Viagens na minha Terra , obra que o impressionou tanto que foi a partir da sua leitura que compreendeu que "tinha de ser fatalmente um escritor". Frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra e, aos dezanove anos, começou a leccionar francês no Colégio da Lapa, dirigido pelo seu pai, onde teve como aluno Eça de Queirós, futuro amigo e companheiro de lides literárias. Durante a década de 60, colaborou em vários periódicos, como a Gazeta Literária do Porto , a Revista Contemporânea e o Jornal do Porto , de que foi redactor. Foi precisamente neste último que, em 1866, publicou o folheto Literatura de Hoje , com que intervém na Questão Coimbrã . Ramalho, que, quatro anos antes, a propósito da polémica suscitada pela Conversação Preambular de Castilho inserta no poema D. Jaime , de Tomás Ribeiro, se manifestara contra o chamado "Grupo do Elogio Mútuo", não deixa aqui de ser crítico para com o autor das Cartas de Eco a Narciso , mas acusa Antero e Teófilo de desrespeitarem o velho escritor. Como consequência, Antero desafiou e venceu Ramalho em duelo, datando curiosamente desse episódio o início da amizade entre os dois escritores e a aproximação gradual de Ramalho a esse grupo de novos intelectuais, que se traduziria na frequência do Cenáculo e na adesão às correntes ideológicas que marcaram essa geração, como o positivismo de Comte e o socialismo utópico de Proudhon. Depois de uma viagem a Paris, por ocasião da Exposição Universal de 1867, Ramalho publicou, no ano seguinte, as suas primeiras notas de viagem, Em Paris . Ainda no mesmo ano, mudou-se para Lisboa, onde assumiu o lugar de oficial de secretaria da Academia das Ciências e reencontrou o seu amigo Eça, já formado em Direito pela Universidade de Coimbra. Em 1870, publicaram ambos O Mistério da Estrada de Sintra . Em 1871, não participando directamente nas Conferências do Casino Lisbonense , iniciou com Eça um novo projecto, que pretendia retomar a intenção crítica e de reforma social que norteou as Conferências: As Farpas . O início da redacção de As Farpas é, aliás, tido pelos críticos (entre os quais o próprio Eça, numa carta publicada na revista portuense A Renascença ) como um marco de transição na escrita de Ramalho, que teria passado de "folhetinista diletante" a "panfletário ilustre". Após a partida de Eça para Cuba, como cônsul, em 1872, Ramalho tomou nas mãos a redacção desses folhetins satíricos, cuja publicação até 1888 entremeou com a edição de livros de viagens: Pela Terra Alheia (1878-1880), A Holanda (1883), John Bull (1887) e, inspirados pelas viagens em Portugal, Banhos de Caldas e Águas Minerais (1875) e As Praias de Portugal (1876). Em todas estas obras, embora as imagens da França e da Inglaterra e os progressos das suas civilizações sejam contrapostos à decadência portuguesa, manifesta-se um apego à tradição nacional e a crença na possibilidade de regeneração. A partir de 1888, Ramalho começou a fazer parte das reuniões do grupo dos Vencidos da Vida. Em 1895, tornou-se bibliotecário do Palácio da Ajuda. Nos textos escritos perto do fim da vida e já depois de instaurada a República, que serão postumamente reunidos no volume Últimas Farpas , Ramalho manifestou a sua descrença no novo regime político. 
Dotado de um espírito cosmopolita, dândi, mundano, e simultaneamente, arreigado às tradições nacionais, Ramalho procurou sinceramente educar e civilizar a sociedade do seu tempo. A variedade dos seus escritos, o diletantismo do seu discurso, a leveza e propriedade do seu estilo, oscilando entre as notações estéticas, as digressões líricas, os apontamentos humorísticos espelham a fidelidade ao preceito de escrita e de vida enunciado na sua "Autobiografia" (in Costumes e Perfis ): "Maçar o menos possível que seja o meu semelhante, procurando tornar para os que me cercam a existência mais doce, o mundo mais alegre, a sociedade mais justa, tem sido a regra de toda a minha vida particular. O acaso fez de mim um crítico. Foi um desvio de inclinação a que me conservei fiel. O meu fundo é de poeta lírico." 

Ficheiro:Ramalho Ortigao 01.JPG
Ramalho Ortigão
Excerto de "As Farpas"

"Aproxima-te um pouco de nós, e vê. O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A práctica da vida tem por única direcção a conveniência. Não há pprincipio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima abaixo! Toda a vida espiritual, intelectual, parada. O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretárias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As quebras sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia proprietária de casas explora o aluguer. A agiotagem explora o lucro. A ignorância pesa sobre o povo como uma fatalidade. O número das escolas só por si é dramático. O professor é um empregado de eleições. A população dos campos, vivendo em casebres ignóbeis, sustentando-se de sardinhas e de vinho, trabalhando para o imposto por meio de uma agricultura decadente, puxa uma vida miserável, sacudida pela penhora; a população ignorante, entorpecida, de toda a vitalidade humana conserva unicamente um egoísmo feroz e uma devoção automática. No entanto a intriga política alastra-se. O país vive numa sonolência enfastiada. Apenas a devoção insciente perturba o silêncio da opinião com padre-nossos maquinais. Não é uma existência, é uma expiação. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido! Ninguém se ilude. Diz-se nos conselhos de ministros e nas estalagens. E que se faz? Atesta-se, conversando e jogando o voltarete que de norte a sul, no Estado, na economia, no moral, o país está desorganizado-e pede-se conhaque!"
 
in Farpas, por Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, com publicação em Junho de 1871.

setembro 26, 2016

Poema de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa


Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.
Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

Oema de Miguel Torga

Abre a janela, e olha!
Tudo o que vires é teu.
seiva que lutou em cada folha,
E a fé que teve medo e se perdeu.
Abre a janela, e colhe!
É o que quiser a tua mão atenta:
Água barrenta,
Água que molhe,
Água que mate a sede...
Abre a janela, quanto mais não seja
Para que haja um sorriso na parede!


Miguel Torga

Lançamento de monografia > "Anadia, Terra de Paixões" / "Anadia, Land of Passions"

2016.10.01
Lançamento de monografia > "Anadia, Terra de Paixões" / "Anadia, Land of Passions"
16h00
Sangalhos > Centro de Alto Rendimento de Anadia / Velódromo Nacional > Auditório
LIVRO CONVIDA A DESCOBRIR “ANADIA, TERRA DE PAIXÕES”
Edição bilingue com fotografias de cortar a respiração…
“Anadia, Terra de Paixões” é o título da monografia que a Câmara Municipal de Anadia vai dar a conhecer no próximo dia 1 de outubro, pelas 16h00, no auditório do Centro de Alto Rendimento de Anadia / Velódromo Nacional, em Sangalhos, numa sessão em que caberá a Nuno Rosmaninho, da Universidade de Aveiro, a apresentação da obra.
Produzida pela Câmara Municipal de Anadia, esta edição assume-se como um instrumento de promoção do concelho, que reforçará o trabalho de divulgação de Anadia no país e no estrangeiro. Trata-se de um verdadeiro convite à descoberta ou à redescoberta de Anadia, graças ao desafio lançado pelas mais de três centenas de fotografias que ilustram as suas páginas. As imagens, que a autarquia comissionou a Miguel Rolo, mostram as facetas mais conhecidas do concelho, mas também outras menos divulgadas ou que são agora apresentadas sob uma perspetiva inédita. Neste seu périplo por Anadia, o fotógrafo anadiense, premiado nacional e internacionalmente, seguiu o roteiro traçado pela equipa de projeto da autarquia, o qual contempla diversos pontos de interesse do concelho, organizados em oito capítulos dedicados a outros tantos temas: Arte, Cultura, Desporto, Emoções, Natureza, Saúde & Bem-Estar, Urbanismo, e Vinho & Gastronomia. Reconhecendo que muito ficou por incluir ou aprofundar nesta viagem, a autarquia pensa dar continuidade ao projeto, com a publicação de outras obras que possam complementar o trabalho realizado e que, tal como este, ofereçam a informação em diferentes idiomas (português e inglês, neste caso), permitindo fazer chegar a mensagem a um universo de leitores mais alargado.
A apresentação de “Anadia, Terra de Paixões” / “Anadia, Land of Passions” será feita por Nuno Rosmaninho, docente do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, reputado historiador que vem dedicando muita da sua investigação a Anadia, concelho de onde é natural.
A sessão será realizada no Centro de Alto Rendimento de Anadia, em Sangalhos, infraestrutura onde também decorre, de 30 de setembro a 02 de outubro, a edição 2016 do Encontro com Vinho e Sabores – Bairrada.

Florbela Espanca


 
FE.png

É ela a poetisa do soneto. Os seus versos falam de amor, de sofrimento, de saudade, de solidão. Florbela Espanca (1894-1930) escreve o primeiro poema aos 8 anos e aos 25 publica o primeiro livro. Chamou-lhe "Livro de Mágoas", afinal a história da sua vida.

Começa a fazer versos muito cedo, aos 8 anos, quando “já as coisas da vida me davam vontade de chorar”. Desde menina, Flor Bela de Alma da Conceição Espanca vive de forma intensa e dramática. Serão sempre as emoções, os sentimentos, matéria da sua poesia, escrita intuitiva e reveladora do mais íntimo de si.
Mas esta voz feminina que ousa falar da sensualidade, não é aceite nos mais exigentes círculos literários. As críticas causam-lhe desgosto. No entanto, são muitos os admiradores, os leitores, que se identificam com o seu tom confessional. E o seu génio é confirmado e reconfirmado até hoje, nas sucessivas reedições dos seus livros. O primeiro,”Livro de Mágoas” é publicado em 1919. Quatro anos depois sai “Soror Saudade”, a monja que é para muitos uma espécie de heterónimo. (...)