A
fundação deste mosteiro
de frades arrábidos
deveu-se a uma
promessa feita por
D. João V,
caso a rainha
fosse bem sucedida
na conceção de
um filho que
tardava. Este promessa
cumpriu-se em 1711,
ano em que
nasceu a princesa
Maria Bárbara, a
primogénita da descendência do Magnânimo. O projeto inicial estava dimensionado
para acolher treze
frades arrábidos, mas
no final da
construção albergou mais de 300. Com
efeito, o número
de frades e
a dimensão do
empreendimento sofreram um grande incremento.
No
entanto, o projeto
de Mafra só
se iniciou a
17 de novembro
de 1717, realizando-se
a sua sagração
em 1730. As
obras prosseguiram até
1737, altura em
que o convento
mafrense se encontrava
praticamente concluído.
Acrescentos posteriores vieram enriquecê-lo com obras de arte e
a criação de
outras dependências, como foi o caso
da notável biblioteca
conventual. Os planos
de Mafra são
entregues a João Frederico Ludovice, arquiteto-ourives
alemão e que
se formou no
atelier romano de
Carlo Fontana.Mafra ordena-se
em torno de
dois retângulos articulados: o principal integra-se na vila e
compreende a igreja,
o palácio, dois
claustros, o refeitório
e outras dependências.
O secundário está
virado para a
Tapada e articula
as celas conventuais,
as oficinas e
a Casa da
Livraria.
A
frontaria é marcada
pela dicotomia entre
palácio e igreja,
convergindo as duas
alas na axial
Sala das Bênçãos.
A igreja ergue-se
no centro da
fachada, delimitada por
duas altas e
esbeltas torres sineiras de cobertura bolbosa e linhas sinuosas. O seu acesso
é feito por
imponente escadaria e
por diversas rampas.
A fachada do
templo dispõe-se em
dois majestosos andares, coroados por poderoso frontão triangular. O andar térreo afirma uma galilé de
três portais, enquanto
o piso superior
é marcado por
diversas janelas de
frontão curvo e
triangular. Estas aberturas são ladeadas por
estátuas inseridas em
nichos, ritmadas por
altas colunas jónicas
em mármore branco.
A estatuária da
entrada foi realizada
por artistas italianos
setecentistas, dos quais se podem destacar Monaldi, Baratta e Battista Maini.
Para
cada um dos
lados da igreja
estendem-se os corpos
retangulares e tripartidos do palácio, terminando nos ângulos por
dois torreões de
cobertura bolbosa, inspirados na antiga Casa
da Índia do
Terreiro do Paço
lisboeta, destruída no
terramoto de
1755.O
interior da igreja
é grandioso e
equilibrado, dividido em três naves e
seis capelas laterais
comunicantes, com transepto bem saliente.
Harmoniosamente decorada, nela se pode observar
um jogo colorido
de mármores italianos
e portugueses, em
articulação com a
pedra do monumento.
As
pinturas dos altares
deterioraram-se em meados do século XVIII,
sendo substituídas por
composições marmóreas
relevadas, obra de
escultores italianos dirigidos por Alessandro Giusti. Este escultor romano introduziu a gramática decorativa rocaille
e deixou uma
operosa escola de
discípulos portugueses, entre os quais se
destacam os escultores
Joaquim Machado
de Castro e
José de
Almeida.A
igreja é bem
iluminada, sendo magistral a cúpula que
se ergue no
cruzeiro do transepto.
Elevado pelo alto
tambor, o zimbório
forma uma cúpula
perfeita rasgada por
amplas janelas. Também
a capela-mor e
as colaterais são
profusamente iluminadas,
realçando o encanto
dos seus mármores
policromos. De grandes
dimensões, o altar-mor
apresenta uma enorme
tela pintada, encimada
por um Cristo
crucificado.
No
topo da entrada
situa-se a galeria
real, local onde
a família real
assistia ao ofício
divino e onde
se situam as
três janelas da
Sala da Bênção.
O
cenóbio possui diversas
dependências que integram o museu do
Palácio Nacional de
Mafra, enquanto outras
foram reconvertidas para acolherem a Escola Prática de Infantaria. Nestas áreas
destacam-se algumas
dependências pela sua
qualidade artística.
Na
ala sul, a
Casa do Capítulo,
verdadeira joia da
arquitetura barroca, é
uma sala elíptica,
de cantaria branca,
azul e vermelha,
e teto apainelado.
Curiosa e surpreendente
é toda a
área conventual, memória da vivência monástica da comunidade dos ascetas frades
arrábidos.
Entre
as inúmeras dependências, o realce vai
para a Casa
da Livraria, obra
de excecional qualidade
executada por Manuel Caetano de
Sousa entre 1771
e 1794. Equilíbrio,
monumentalidade e clareza são alguns dos
atributos desta imensa
biblioteca rocaille, reunindo nos seus dois andares de
estantes alguns dos
mais notáveis livros
impressos - fundo
bibliográfico que conta
com cerca de
40 000 exemplares
Fontes:
Fontes:
Palácio-Convento de Mafra. In Infopédia [Em linha]. Porto:
Porto Editora, 2003-2012.
Retrato de D. João V- Pompeo
Batoni
Palácio
Nacional de Mafra - Litografia de 1853
O projecto original de Joham Friedrich Ludwig previa
apenas espaço para treze frades, passando mais tarde, por exigência do rei, a
ter capacidade para trezentos frades, a família real, o patriarcado e a corte. O
mármore, para a sua construção, veio das pedreiras de Pêro Pinheiro e Sintra, e
as madeiras do Brasil
Só o lançamento da primeira pedra, em 1717, custou
cerca de quarenta mil libras. Na construção chegaram a trabalhar,
simultaneamente, quarenta e cinco mil operários, guardados por sete mil
soldados, para não fugirem. Os relógios, o carrilhão e os sinos, vieram de
Liège. Até a madeira de pinho para os andaimes e barracas dos trabalhadores veio
do norte da Europa. A maior parte das estátuas e a pintura foram obra de
artistas italianos; paramentos, alfaias de culto, tocheiros foram encomendados
em Roma, Veneza, Milão, Génova e, também, em França e Holanda. Só mesmo o
mármore é genuinamente português.