Ouço todos os dias,
 De manhãzinha,
 Um bonito poema
 Cantado por um melro
 Madrugador.
 Um poema de amor
 Singelo e desprendido,
 Que me deixa no ouvido
 Envergonhado
 A lição virginal
 Do natural,
 Que é sempre o mesmo, e sempre variado.
 Miguel Torga (12 agosto de 1907 - 17 janeiro de 1995)