outubro 30, 2015

A Fada Oriana, um belo livro das Metas Curriculares...


SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in FADA ORIANA (1958, Porto Editora, 2014)


A RAINHA DAS FADAS

Mal chegou à beira do rio, Oriana chamou: - Peixe, meu amigo, aqui estão as pérolas.
E o peixe trouxe do fundo do rio dez fios de prata e Oriana enfiou as pérolas e fez dez colares.
Enrolou um colar à volta do pescoço, enrolou um colar à volta de cada braço e entrançou nos seus cabelos os outros sete colares.
Depois debruçou-se nas águas. Era um dia de Inverno muito luminoso e transparente. E Oriana viu o seu reflexo mais claro e mais nítido do que nunca. E nunca se tinha achado tão bonita. O brilho redondo das pérolas rodeava o seu pescoço, reflectia-se na sua pele, iluminava o seu cabelo.
- Nunca, nunca vi nada tão bonito! - exclamava ela.
- Pareces a rainha do mar, a princesa da Lua, a deusa das pérolas - disse o peixe.
- Nunca mais me vou embora da margem do rio - disse Oriana. -
Quero passar o resto da minha vida a olhar para mim.
Mas de repente Oriana calou-se. Porque ouviu no ar um silêncio. E nesse silêncio levantou-se uma voz, uma voz alta, direita e severa que chamou:
- Oriana!
Oriana estremeceu e voltou-se. Ao seu lado, no ar, estava a Rainha das Fadas.