05 de outubro de 1910- A voz que proclamou a República era a de um abastado agricultor ribatejano com espírito de político.
"Na manhã de 5 de Outubro de 1910 a voz
que gritou "Viva a República" da varanda dos Paços do Concelho, em
Lisboa, José Mascarenhas Relvas, era a de um homem habituado a liderar
comícios e dirigente influente do Partido Republicano.
José Relvas,
nascido na Golegã em Março de 1858, foi o "escolhido" para proclamar a
República porque era um dos dirigentes "mais antigos" do directório do
Partido Republicano, lavrador abastado que granjeou prestígio nacional,
sobretudo enquanto líder associativo dos agricultores ribatejanos.
João Bonifácio Serra, historiador e coordenador da Casa dos Patudos,
legada por José Relvas ao município de Alpiarça, destaca ainda outro
facto: Relvas integrou a missão que em Julho/Agosto de 1910 foi a França
e Inglaterra "avisar os governos desses países de que a revolução
republicana estava iminente em Portugal".
Para João Serra, o que
singulariza José Relvas é que este não aderiu ao Partido Republicano
"por uma questão meramente ideológica ou por simpatia, mas para fazer
uma revolução".
José Relvas aderiu ao Partido Republicano já numa
fase avançada da vida (perto dos 50 anos), no contexto da crise política
provocada pela chamada ao poder, por parte do rei D. Carlos, do
ministro João Franco, oferecendo-lhe a ditadura, "o que gerou um
fortíssimo movimento de contestação política".