SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in FADA ORIANA (1958, Porto Editora, 2014)
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FADAS BOAS E FADAS MÁS
Há duas espécies de fadas: as fadas boas e as fadas más. As fadas boas
fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más. As fadas boas regam
as flores com orvalho, acendem o lume dos velhos, seguram pelo bibe as
crianças que vão cair ao rio, encantam os jardins, dançam no ar,
inventam sonhos e, à noite, põem moedas de oiro dentro dos sapatos dos
pobres. As fadas más fazem secar as fontes, apagam a fogueira dos
pastores, rasgam a roupa que está ao sol a secar, desencantam os
jardins, arreliam as crianças, atormentam os animais e roubam o dinheiro
dos pobres.
Quando uma fada boa vê uma árvore morta, com os ramos
secos e sem folhas, toca-lhe com a sua varinha de condão e no mesmo
instante a árvore cobre-se de folhas, de flores, de frutos e de pássaros
a cantar.
Quando uma fada má vê uma árvore cheia de folhas, de flores,
de frutos e de pássaros a cantar, toca-lhe com a sua varinha
mágica do mau fado, e no mesmo instante um vento gelado
arranca as folhas, os frutos apodrecem, as flores murcham e os pássaros caem mortos no chão.
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(Cont)