As Sete Colinas de Lisboa
(um entre muitos outros "setes": os sete dias da semana, as sete notas
musicais (escala diatónica), o Sete (filho de Adão), o Manifesto
das Sete Artes (Recciotto Canudo-1911), o sétimo céu, a Sétima Arte
(Cinema), as Sete Maravilhas do Mundo, a Lenda das Sete Cidades
(Açores), os Sete Pecados Mortais, os Sete Mares, as Sete Colinas de
Roma, os Sete Sacramentos, as Sete Virtudes Divinas, as Sete Cores do
Arco-Íris, ... ... ... )
A
citação referente às sete colinas de Lisboa aparece pela primeira vez no
Livro das Grandezas de Lisboa, de Frei Nicolau de Oliveira no século
XVII: «as sete colinas sobre as quais estava assente Lisboa: São Jorge,
São Vicente, São Roque, Santo André, Santa Catarina, Chagas e Sant'Ana».
A referência às sete colinas no contexto histórico também é citada por outros autores dos séculos XVII e XVIII.
A ideia destas presumíveis sete colinas poderia advir dos Romanos, que
viam em Felicidade Júlia (Felicitas Julia) ou Olisipo (Olissipo) uma
estrutura geográfica semelhante à da capital do império Romano. A lenda
refere que Roma, quando foi fundada, era rodeada por Sete Colinas, a
saber: Campidoglio, Quirinale, Viminale, Esquilino, Célio, Aventino e
Palatino.
Mas, acerca da origem das colinas de Lisboa, existem várias lendas, cada qual a mais interessante, e, em alguns aspectos, até
coincidentes. Escolhi esta que vou aqui partilhar por ser a que mais me
agrada:
Numa época longínqua, que se perde nos tempos, e ainda antes de Lisboa ser ocupada por romanos e fenícios ...
"... existia aqui um reino chamado Ofiusa e que era governado por gigantescas serpentes.
A rainha das serpentes era meio mulher e meia serpente mas em nada era
tenebrosa. As suas graças e jeitos eram de menina e um poder de sedução
incrível. Esta era a arma que usava para enfeitiçar todos os que
aportassem no seu reino.
Diz-se que num belo dia, nas suas longas viagens, o herói Ulisses e seus companheiros ancoraram neste porto, à beira Tejo.
A rainha apaixonou-se imediatamente por Ulisses e tinha intenções de o
manter no reino e desposá-lo. Ulisses fingiu corresponder ao seu amor
para que nem ele nem os seus companheiros viessem a correr perigo de
morte e para que se pudessem abastecer com mantimentos para a viagem.
Assim que conseguiu reunir todo o material necessário para a viagem,
Ulisses ludibriou a rainha e fugiu em direcção ao mar alto.
Enraivecida e enganada, a rainha lança-se numa tentativa desesperada
para alcançar o seu amado e, o mais depressa que a sua cauda o permitia,
foi serpenteando até ao mar. Porém, a rainha serpente nunca alcançou
Ulisses.
Ainda hoje podemos ver as marcas deste tão desconcertante
encontro: As sete colinas de Lisboa que se dirigem todas para o mar em
busca de um eterno amor..."