junho 19, 2015

As Sete Colinas de Lisboa

As Sete Colinas de Lisboa
(um entre muitos outros "setes": os sete dias da semana, as sete notas musicais (escala diatónica), o Sete (filho de Adão), o Manifesto das Sete Artes (Recciotto Canudo-1911), o sétimo céu, a Sétima Arte (Cinema), as Sete Maravilhas do Mundo, a Lenda das Sete Cidades (Açores), os Sete Pecados Mortais, os Sete Mares, as Sete Colinas de Roma, os Sete Sacramentos, as Sete Virtudes Divinas, as Sete Cores do Arco-Íris, ... ... ... )
A citação referente às sete colinas de Lisboa aparece pela primeira vez no Livro das Grandezas de Lisboa, de Frei Nicolau de Oliveira no século XVII: «as sete colinas sobre as quais estava assente Lisboa: São Jorge, São Vicente, São Roque, Santo André, Santa Catarina, Chagas e Sant'Ana».
A referência às sete colinas no contexto histórico também é citada por outros autores dos séculos XVII e XVIII.
A ideia destas presumíveis sete colinas poderia advir dos Romanos, que viam em Felicidade Júlia (Felicitas Julia) ou Olisipo (Olissipo) uma estrutura geográfica semelhante à da capital do império Romano. A lenda refere que Roma, quando foi fundada, era rodeada por Sete Colinas, a saber: Campidoglio, Quirinale, Viminale, Esquilino, Célio, Aventino e Palatino.
Mas, acerca da origem das colinas de Lisboa, existem várias lendas, cada qual a mais interessante, e, em alguns aspectos, até coincidentes. Escolhi esta que vou aqui partilhar por ser a que mais me agrada:
Numa época longínqua, que se perde nos tempos, e ainda antes de Lisboa ser ocupada por romanos e fenícios ...
"... existia aqui um reino chamado Ofiusa e que era governado por gigantescas serpentes.
A rainha das serpentes era meio mulher e meia serpente mas em nada era tenebrosa. As suas graças e jeitos eram de menina e um poder de sedução incrível. Esta era a arma que usava para enfeitiçar todos os que aportassem no seu reino.
Diz-se que num belo dia, nas suas longas viagens, o herói Ulisses e seus companheiros ancoraram neste porto, à beira Tejo.
A rainha apaixonou-se imediatamente por Ulisses e tinha intenções de o manter no reino e desposá-lo. Ulisses fingiu corresponder ao seu amor para que nem ele nem os seus companheiros viessem a correr perigo de morte e para que se pudessem abastecer com mantimentos para a viagem.
Assim que conseguiu reunir todo o material necessário para a viagem, Ulisses ludibriou a rainha e fugiu em direcção ao mar alto.
Enraivecida e enganada, a rainha lança-se numa tentativa desesperada para alcançar o seu amado e, o mais depressa que a sua cauda o permitia, foi serpenteando até ao mar. Porém, a rainha serpente nunca alcançou Ulisses.
Ainda hoje podemos ver as marcas deste tão desconcertante encontro: As sete colinas de Lisboa que se dirigem todas para o mar em busca de um eterno amor..."