fevereiro 04, 2014

Jardim do Paço Episcopal , Castelo Branco, Beira Baix

 
O Jardim do Paço Episcopal de Castelo Branco revela-se como um dos mais originais exemplares do Barroco em Portugal. Em especial no que respeita à estatuária: aos aspectos simbólicos e à disposiçăo dos seus elementos em percursos temáticos. Foi o Bispo da Guarda, D. Joăo de Mendonça (1711-1736) que encomendou e provavelmente orientou as obras do Jardim. Mais tarde, já no fim do séc. XVIII, o segundo bispo da Diocese de Castelo Branco, D. Vicente Ferrer da Rocha fez ali obras de algum relevo. Em 1911, o Jardim passa para as măos da Câmara Municipal por arrendamento e em 1919 adquiri-o a título definitivo. Este jardim Barroco, em forma rectangular, é dominado por balcőes e varandas com guardas de ferro e balaústres de cantaria. Apresenta cinco lagos, com bordos trabalhados, nos quais estăo instalados jogos de água. No patamar intermédio da Escadaria dos Reis existem repuxos e jogos de água surpreendentes. Por entre os canteiros de buxo erguem-se simbólicas estátuas de granito, em que se destacam os Novíssimos do Homem, Quatro Virtudes Cardeais, as Três Virtudes Teologais, os Signos do Zodíaco, as Partes do Mundo, as Quatro Estaçőes do Ano, o Fogo e a Caça. Dispostos à maneira de escadório, encontram-se representados os Apóstolos e os Reis de Portugal até D. José I. No patim superior, encontram-se estátuas alusivas ao Antigo Testamento e à simbologia da água como elemento purificador. O Jardim Alagado, tanque floreado de curvas bem delineadas e canteiros de flores, tem ao centro um repuxo de cantaria por três golfinhos entrelaçados e encimados por uma coroa. O interesse e curiosidade da iconografia do conjunto escultórico resulta do facto de haver uma aliança singular entre o universo religioso e universo panteísta. Este jardim beneficiou de uma profunda e complexa intervençăo de restauro e conservaçăo, no âmbito do Programa Polis, a nível de tratamento de vegetaçăo, reintroduçăo de espécies vegetais originais, recuperaçăo dos sistemas de águas, iluminaçăo cénica e drenagem. A intervençăo contemplou também na limpeza da cantaria e recolocaçăo de estátuas nos locais originais, recuperaçăo dos muros e do tanque principal, sob a cascata de Moisés. Durante a intervençăo foi descoberto o sistema hidráulico perfeitamente intacto, construído em 1725, procedendo-se à sua conservaçăo e restauro.