Ranking- metade das Escolas Secundárias Públicas ficaram abaixo do esperado
* José Matias Alves
Com este título, o jornal Público, no suplemento dedicado ao Ranking das escolas (13 de outubro, 2012) sublinhava o copo meio vazio. Se metade das escolas ficaram abaixo, a outra metade ficou no valor ou acima do esperado pelo efeito da conjugação das variáveis habilitações médias dos pais, profissões dos pais, escalão A da ação social escolar.
Não vamos aqui discutir o conceito de valor esperado, na sua validade e fiabilidade. Vamos admitir que as possui a nível do suficiente para ser uma medida útil.
A questão que nos interessa é tentar perceber, mantendo controladas variáveis de contexto, que fatores geram esse resultado.
Enunciemos algumas hipóteses que terão tanto maior poder explicativo quanto mais se conjugarem entre si:
Com este título, o jornal Público, no suplemento dedicado ao Ranking das escolas (13 de outubro, 2012) sublinhava o copo meio vazio. Se metade das escolas ficaram abaixo, a outra metade ficou no valor ou acima do esperado pelo efeito da conjugação das variáveis habilitações médias dos pais, profissões dos pais, escalão A da ação social escolar.
Não vamos aqui discutir o conceito de valor esperado, na sua validade e fiabilidade. Vamos admitir que as possui a nível do suficiente para ser uma medida útil.
A questão que nos interessa é tentar perceber, mantendo controladas variáveis de contexto, que fatores geram esse resultado.
Enunciemos algumas hipóteses que terão tanto maior poder explicativo quanto mais se conjugarem entre si:
i) A dimensão da escola
Todos os estudos tendem a afirmar a existência de uma correlação positiva entre a dimensão e a qualidade dos processos e dos resultados educativos. Escolas sobredimensionadas, com milhares de alunos e centenas de professores, dispersas por várias instalações terão dificuldade em ir além do esperado. As políticas das agregações de escolas vão provar o que valem quando no próximo ano se puder considerar esta variável. Muitas mais ficarão abaixo pelo efeito de despersonalização e de distância. Também não será por acaso que as escolas privadas têm uma dimensão bastante mais baixa que as estatais e apresentam em regra melhores resultados (embora sejam de considerar outros fatores mais poderosos).
ii) A liderança de topo e a sua relação com as lideranças intermédias
Como é óbvio, um modo transformador e inspirador de exercer a liderança na organização e a relação que essa liderança estabelece com as lideranças intermédias só pode conduzir a um elevar das possibilidades de sucesso. Gerar dinâmicas de capacitação, empowerment, mobilização e compromisso só pode fazer a diferença positiva.
iii) A relação escola-família
Uma relação próxima e atenta, clara e exigente que tem o poder de comprometer os pais no processo educativo é outra variável a reter para a explicação dos resultados.
iv) O clima de escola e de sala de aula
O sentimento de bem-estar e segurança, o sentir-se membro de uma organização, o ambiente de trabalho e de exigência, a relação pedagógica que exige o máximo de cada um e está atenta às especificidades de cada ser é um ingrediente fundamental a reter.
v) O efeito professor
Os resultados dependem das variáveis de contexto – e neste quadro as habilitações da mãe são muito relevantes, fator que não foi isolado -, mas sobretudo da disposição do aluno e da ação do professor – dos professores (quanto mais alicerçada numa lógica de cooperação melhor) - e podem situar claramente a escola num valor muito além do esperado. E sendo esta uma das variáveis centrais, seria bom estudar que efeitos terão nos resultados escolares as políticas de privação que se têm vindo a seguir nos últimos anos.
Outras variáveis poderiam ser convocadas, designadamente, as relacionadas com o apoio ao ensino e a focalização na aprendizagem dos alunos. Mas fica para outro momento.
Todos os estudos tendem a afirmar a existência de uma correlação positiva entre a dimensão e a qualidade dos processos e dos resultados educativos. Escolas sobredimensionadas, com milhares de alunos e centenas de professores, dispersas por várias instalações terão dificuldade em ir além do esperado. As políticas das agregações de escolas vão provar o que valem quando no próximo ano se puder considerar esta variável. Muitas mais ficarão abaixo pelo efeito de despersonalização e de distância. Também não será por acaso que as escolas privadas têm uma dimensão bastante mais baixa que as estatais e apresentam em regra melhores resultados (embora sejam de considerar outros fatores mais poderosos).
ii) A liderança de topo e a sua relação com as lideranças intermédias
Como é óbvio, um modo transformador e inspirador de exercer a liderança na organização e a relação que essa liderança estabelece com as lideranças intermédias só pode conduzir a um elevar das possibilidades de sucesso. Gerar dinâmicas de capacitação, empowerment, mobilização e compromisso só pode fazer a diferença positiva.
iii) A relação escola-família
Uma relação próxima e atenta, clara e exigente que tem o poder de comprometer os pais no processo educativo é outra variável a reter para a explicação dos resultados.
iv) O clima de escola e de sala de aula
O sentimento de bem-estar e segurança, o sentir-se membro de uma organização, o ambiente de trabalho e de exigência, a relação pedagógica que exige o máximo de cada um e está atenta às especificidades de cada ser é um ingrediente fundamental a reter.
v) O efeito professor
Os resultados dependem das variáveis de contexto – e neste quadro as habilitações da mãe são muito relevantes, fator que não foi isolado -, mas sobretudo da disposição do aluno e da ação do professor – dos professores (quanto mais alicerçada numa lógica de cooperação melhor) - e podem situar claramente a escola num valor muito além do esperado. E sendo esta uma das variáveis centrais, seria bom estudar que efeitos terão nos resultados escolares as políticas de privação que se têm vindo a seguir nos últimos anos.
Outras variáveis poderiam ser convocadas, designadamente, as relacionadas com o apoio ao ensino e a focalização na aprendizagem dos alunos. Mas fica para outro momento.
* José Matias Alves é investigador, doutor em Educação e professor convidado da Universidade Católica Portuguesa.