A
história da antiga vila de Tentúgal, hoje pertencente ao concelho de
Montemor-o-Velho, confunde-se com a história da doçaria conventual, cuja
fama persistiu no tempo devido, em
parte, aos Pastéis de Tentúgal. Reza a história que os afamados doces
terão surgido por causa da bondade natalícia de uma freira carmelita
que, em finais do século XVI, presenteando os meninos da terra com
iguarias, resolveu experimentar rechear a massa muito fina com doce de
ovos. Estes requintados presentes eram, igualmente, oferecidos a bem
feitores do Convento das Carmelitas, assim como estes indivíduos da alta
sociedade portuguesa, o doce recebia os maiores elogios. Inicialmente
designados “Pastéis do Convento”, começaram a ser produzidos no seu
exterior mas com as reformas de Joaquim António de Aguiar, em 1834,
puseram fim às congregações religiosas e, decisivamente, após a
laicização da sociedade, com a implantação da República em 1910. Fora
das instalações conventuais os Pastéis de Tentúgal popularizaram-se,
passando a ser consumidos pelos diferentes estratos sociais, chegando a
ser recheados com frutas, doces ou preparados de carne. Nos dias de hoje
o mais vulgar é o recheio com doce de ovos, adoptando uma forma
alongada, que lhe confere também a designação de Palito, ao invés da
outrora forma em meia-lua. O recheio dos Pastéis de Tentúgal que
apresentam a forma de meia-lua, para além do doce de ovos, inclui
amêndoa. Este doce também é conhecido por Pastel Pobre.
Receita:
Ingredientes:
Para a massa:
500 g de farinha
2 colheres de sopa de manteiga
2 dl de água
sal
200 g de manteiga (aprox.)
açúcar em pó
Para o recheio:
250 g de açúcar
12 gemas de ovos
Preparação:
Peneira-se a farinha várias vezes para dentro de um alguidar e faz-se
uma cova no meio onde se deita a manteiga (ou margarina) derretida.
Mistura-se. Aquece-se a água onde previamente se dissolveu o sal.
Adiciona-se a água, pouco a pouco, à farinha, trabalham-se bem todos os
elementos, amassando até a massa se despregar das mãos. Molda-se a massa
em bola e coloca-se num prato previamente polvilhado com farinha.
Polvilha-se a massa também com um pouco de farinha e cobre-se com uma
tigela aquecida. Deixa-se repousar durante 30 minutos pelo menos.
Entretanto, preparam-se os ovos moles bastante espessos. Estende-se um
pano sobre a mesa. Pincela-se a superfície da massa com um pouco de
manteiga derretida (ou azeite) e começa a retirar-se bocadinhos de
massa, que se estendem, primeiro, com o rolo, e, depois, se esticam com
os dedos, tendo o cuidado de não romper a massa. Esta deve ficar tão
fina como uma folha de papel de seda. Corta-se esta massa em rectângulos
com 14 cm por 10 cm. As bordas de massa espessas não devem ser
aproveitadas para as folhas dos pastéis. Derrete-se a manteiga (ou
margarina) em banho-maria. Depois sobrepõem-se quatro folhas de massa,
pincelando-as com manteiga derretida à medida que se vão sobrepondo.
Colocam-se duas colheres de sopa de ovos-moles sobre o rectângulo de
massa (com quatro folhas) e enrola-se o pastel. Dobram-se as pontas para
cima e levam-se os pastéis a cozer rapidamente em forno forte.
Polvilham-se com açúcar em pó (o chamado “açúcar inglês”).