novembro 21, 2013

Igreja de Santiago em Belmomte

Igreja de Santiago - Belmonte, Beira Baixa. A igreja de Santiago é um importante testemunho do Românico tardio na Beira Interior e pode considerar-se um dos monumentos-chave daquele estilo na região. A sua construção deve remontar aos meados do século XIII, embora as origens da paróquia de Belmonte, que a igreja servia, sejam anteriores, estando documentada desde 1186. Exteriormente, a igreja revela as reformas por que passou na época moderna, em particular a empreendida na primeira metade do século XVII, quando D. Francisco Cabral remodelou o panteão familiar anexo. Com efeito, quer a fachada principal da igreja, quer a da capela dos Cabrais apresentam estrutura semelhante, de corpo único integrando portal axial de lintel recto entre molduras de cantaria, a que se sobrepõe janelão rectangular, terminando a empena em perfil triangular. Conservam-se todavia, alguns modilhões do projecto original, que comprovam a sua edificação na transição estilística entre o Românico e o Gótico. No interior registam-se importantes elementos medievais, que conferem a relevância e a originalidade de que o conjunto desfruta. De nave única e capela-mor rectangular, mantém a proporção românica, com arco triunfal de arco de volta perfeita, de duas arquivoltas assentes em capitéis de decoração antropomórfica. Do lado Norte, sensivelmente a meio da nave, conserva-se o que parece ser a antiga porta de acesso à capela gótica dos Cabrais, posteriormente entaipada. Do lado ocidental desta antiga passagem conserva-se púlpito tardo-gótico de secção poligonal, cujos panos são decorados por sequências de motivos geométricos, a que se associam vieiras (símbolo de Santiago, orago do templo) e a prensa (emblema de D. Fernão Cabral). No seu interior, existe um túmulo medieval (de D. Maria Gil?) cuja tampa é decorada com as armas dos Cabrais. No seu conjunto, esta pequena capela, integrada no interior da igreja, deve datar da viragem para o século XV, embora possa ter sido objecto de intervenções ligeiramente posteriores. Ficou a dever-se à vontade de D. Gil Cabral, bispo da Guarda que, a 30 de Maio de 1362, deixou expresso em testamento o desejo de que sua filha, D. Maria Gil edificasse uma capela dedicada da Nossa Senhora da Piedade. Na capela-mor por detrás dos retábulos setecentistas, foram descobertas pinturas murais de inícios do século XVI. Representam Santiago ladeado por São Pedro e pela Virgem Maria, enquadrados por painéis laterais decorados com motivos florais. O panteão dos Cabrais anexa-se ao lado Norte da igreja e é um espaço rectangular de origem gótica, presumivelmente edificado a partir de 1433, por iniciativa dos pais de Pedro Álvares Cabral. Aqui se conservam os túmulos da família, um deles diante do altar e outros dois, posteriores, inseridos em arcossólios abertos nas paredes laterais. Enriquecido o conjunto com retábulos do século XVIII e com uma nova torre sineira em 1860 (que substituiu o campanário localizado no ângulo entre a igreja e a capela, de que ainda resta parte do maciço), o complexo monumental foi restaurado na década de 60 do século XX, altura em que se refez toda a estrutura do telhado e se suprimiram alguns retábulos do panteão dos Cabrais. Em 1971, com o intuito de preservar a memória de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil, executou-se uma cruz em ferro e um cenotáfio. Source: http://www.igespar.pt/en/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/70532/