maio 24, 2016

Portugal faz, ontem, 837 anos.










Ontem, Portugal fez, oficialmente, 837 anos.
Há 837 anos, mais propriamente no dia 23 de maio de 1179 o Papa Alexandre III reconheceu a independência de Portugal e Afonso Henriques Rei dos portugueses, através da Bula Manifestis Probatum.
Foto 1 - Bula Manifestis Probatum
Foto 2 - Morabitino do reinado de D. Sancho I

A 24 de maio de 1898, nasce o escritor português Ferreira de Castro, autor de "A Selva" e "Emigrantes"

Escritor português, grande precursor do Neorrealismo em Portugal, nasceu em Oliveira de Azeméis a 24 de Maio de 1898 e faleceu a 29 de Junho de 1974. Depois de ter terminado os estudos primários, emigrou para o Brasil, para trabalhar como empregado de armazém no seringal Paraíso, na selva amazónica. Viveu durante alguns anos em Belém do Pará, prosseguindo com grandes dificuldades as suas primeiras tentativas literárias e publicando o romance juvenil Criminoso por Ambição. Em 1919, regressa a Portugal, ingressando no jornalismo, colabora com várias publicações; funda a revista A Hora: revista panfleto de arte, atualidades e questões sociais (1922), o jornal O Luso, o grande magazine mensal Civilização (1928-1937); colabora com O Diabo e com O Século e edita as suas primeiras obras. Entre 1923 e 1927 publica várias novelas - que viria mais tarde a renegar - até, em 1928, ao publicar Emigrantes (história de um pobre aventureiro fracassado) se consagrar como romancista numa ficção onde a pesquisa estética é submetida a ideais humanísticos e sociais. Em 1903 publica A Selva, um dos livros portugueses mais traduzidos em todo o mundo, concebido sob a forma de romance, que foca o drama dos trabalhadores dos seringais na Amazónia e corresponde a uma fase humanista, não excluindo uma objetividade quase fotográfica, com muito de reportagem e de situações vivamente descritas. Com efeito, a publicação de Emigrantes, seguida de A Selva, alcançando um êxito extraordinário, no Brasil e noutros países, apontava, segundo Álvaro Salema, in Ferreira de Castro - A sua vida, a sua personalidade, a sua obra, Lisboa, 1974, "insuspeitadas possibilidades de um realismo novo".
A grande força do fulgurante itinerário romanesco de Ferreira de Castro, segundo o mesmo estudioso, "não era apenas a de um realismo novo, vivido e posto à prova, igualmente, numa experiência pessoal dramaticamente sofrida e na observação franca, corajosa e simples de mundos humanos nunca anteriormente revelados. Não era, somente, a de uma técnica narrativa colhida diretamente da verdade existencial, com limitado apport de leituras antecipantes, e servida por um estilo singelo, de expressão clara e imediatamente comunicativa, tão sugestionadora para o leitor de escol que soubesse entendê-las nessa autenticidade como para o homem do povo sem formação prévia de leitor. A força maior da criação literária que Ferreira de Castro vinha desvendar era, afinal, a de uma nova forma de humanismo, representada na ficção romanesca."
Com Terra Fria e A e a Neve, o autor procede a uma nova metodologia de criação romanesca, baseada na observação in loco do meio e problemas sociais que o romance focaliza, num esboço de história natural, onde tenta transmitir um mundo rural miserável, à margem da civilização, protagonizado por gente simples e despecuniada. As dificuldades levantadas pelo regime salazarista à livre expressão do pensamento obrigam, posteriormente, o autor a abandonar o ciclo romanesco que se propusera para se dedicar às impressões de viagem, dedicando-se, entre 1959 e 1963, à publicação de As Maravilhas Artísticas do Mundo ou a Prodigiosa Aventura do Homem Através da Arte. Deste modo, para Álvaro Salema, as obras de Ferreira de Castro inscrevem-se em três grandes categorias: um primeiro ciclo de romances inspirado na "experiência pessoal" e na "observação experimentada", a que correspondem os romances Emigrantes, A Selva, Eternidade, Terra Fria e A e a Neve; os livros de "viajante, empenhado com inteira adesão de vida interior na descoberta e desvendamento da experiência histórica e social da humanidade através das suas expressões multímodas", com Pequenos Mundos e Velhas Civilizações e A Volta ao Mundo; e uma terceira direção que opera uma "inflexão renovada e renovadora para a análise mais complexa e diversificada dos conflitos interiores em equação com realidades sociais e históricas mais vastas", consubstanciada nos romances A Curva da Estrada, O Instinto Supremo e A Missão (id. Ibi., p. 40). Recebendo homenagens literárias em vários países e vendo os seus livros traduzidos em várias línguas, Ferreira de Castro assistiria ao culminar do reconhecimento da sua obra com uma vibrante celebração do seu cinquentenário de vida literária, em Portugal e no Brasil, e com, após a publicação de O Instinto Supremo, em 1968, a apresentação pela União Brasileira de Escritores da candidatura conjunta de Ferreira de Castro e de Jorge Amado ao Prémio Nobel de Literatura. Esta adesão à obra de Ferreira de Castro é indissociável da admiração que grande número de leitores votou à atitude de inflexível resistência do escritor, à sua determinação de não compactuar de qualquer modo com o regime, postura manifestada, por exemplo, na decisão de não colaborar com a imprensa portuguesa enquanto vigorasse o regime de censura, no facto de não permitir que nenhuma obra sua fosse adaptada a um cinema financiado pelo Estado ou na adesão a movimentos democráticos. Recebeu, entre outras distinções, o Prémio Internacional Águia de Ouro do Festival do Livro de Nice e foi eleito, em 1962, presidente da Direção da Sociedade Portuguesa de Escritores.


Ferreira de Castro, a selva como escola

Ferreira de Castro, a selva como escola

A 24 de maio de 1819, nasce a Rainha Vitória...

Alexandrina Vitória, filha de Vitória Maria Luísa, descendente do duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld, e de Eduardo Augusto, duque de Kent, 4.° filho do rei Jorge III, nasceu no Palácio de Kensington, Londres, a 24 de maio de 1819. A 20 de junho de 1837, com apenas 18 anos, Vitória ascendia ao trono de Inglaterra por morte do seu tio Guilherme IV, que não deixara descendência, dando início ao mais longo reinado da história da Inglaterra e um dos mais famosos, que inclusivamente deu nome a uma era britânica, a Vitoriana.
Quando subiu ao trono, Vitória era uma estranha para os seus súbditos, mas à sua morte tinha construído uma reputação e respeito que extravasava as fronteiras do mundo britânico. De início, Vitória foi guiada, política e socialmente, pelo Primeiro Ministro Whig, William Lamb (1834, 1835-41), 2.° visconde de Melbourne, que manteve sobre ela grande influência até se casar com o seu primo Alberto, Príncipe de Saxe-Coburgo-Gotha, a 10 de maio de 1840. 

Parabéns a Eduardo Lourenço!


  • Eduardo Lourenço (São Pedro de Rio Seco, Almeida, 23 de Maio de 1923) faz hoje 93 anos. Muitos parabéns.
    O Centro Nacional de Cultura disponibiliza um site sobre a vida e obra do ensaísta, que na semana passada recebeu mais um prémio: o Prémio Vasco Graça Moura de Cidadania Cultural.

maio 23, 2016

A AA A23 de Maio de 1179, o Papa Alexandre III reconhece a soberania de D. Afonso Henriques, com a bula "Manifestis Probatum"

A Bula Manifestis probatum  é um dos mais importantes documentos pontifícios da História de Portugal. Foi enviada pelo Papa Alexandre III a D. Afonso Henriques, a 23 de Maio de 1179, confirmando-lhe o título de rei e atribuindo esse título também aos seus sucessores. Por outro lado, concedia ao monarca português o domínio dos territórios conquistados e a conquistar aos Mouros, o que representava um importante estímulo à expansão territorial.
Alexandre III foi  um dos papas mais cultos da Idade Média, professor de direito e de teologia, cujas teorias do poder papal aplicou depois de eleito Papa. Alexandre III exerceu uma influência incontestável na Europa do seu tempo. 
A suzerania papal era um facto em relação aos Estados da Europa e a autoridade da Santa Sé aumentou consideravelmente durante o pontificado de Alexandre III. D. Afonso Henriques tomando-se tributário da Santa Sé e prestando vassalagem ao Papa, obteve o apoio necessário e indispensável na época para garantir uma independência já adquirida de facto, mas ainda não confirmada expressamente pela única autoridade que podia conceder-lha.
De resto, o teor da bula claramente indica que o privilégio concedido se devia aos inumeráveis serviços prestados à Santa Igreja pela propagação da fé cristã, que assinalaria D. Afonso Henriques aos vindouros como um nome digno de memória e um exemplo merecedor de imitação, e porque a Providência divina escolhera-o para governo e salvação do povo.
Deste modo, o Papa, atendendo às qualidades de prudência, justiça e idoneidade de governo, toma D. Afonso Henriques «sob a protecção de São Pedro e a nossa», concede e confirma por autoridade apostólica ao seu domínio, o Reino de Portugal com todas as honras inerentes à realeza, bem como as terras que arrancara das mãos dos sarracenos e nas quais não podiam reivindicar direitos os vizinhos príncipes cristãos. O privilégio estende-se a todos os seus descendentes, prometendo o Papa defender esta concessão com todo o seu poder supremo.

Ficheiro:Manifestis Probatum.jpg
A Bula "Manifestis Probatum"

Ficheiro:B-Alexander III1.jpg
Papa Alexandre III
Ficheiro:AfonsoI-P.jpg
D. Afonso Henriques

De Condado Portucalense a Reino de Portugal

De Condado Portucalense a Reino de Portugal

Sabias que rival vem de rio?

Sabias que rival vem de rio?

maio 22, 2016

BIBLIOTECA, o tesouro dos remédios da alma


“No Egipto as bibliotecas chamavam-se ‘o tesouro dos remédios da alma’. Com efeito, nelas curava-se a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as doenças.” – Bossuet

No Dia de Autor Português...


VIAGEM

"Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar".


Miguel Torga, in Câmara Ardente (Coimbra Editora, 1962)