Décimo quinto rei de Portugal, 
filho de D. Manuel I, D. João III nasceu em Lisboa a 6 de Junho de 
1502.
Teve como mestres algumas 
figuras notáveis da época, como o humanista Luís Teixeira e o médico Tomás de 
Torres. A partir de 1514, D. Manuel começa a introduzi-lo nas matérias do 
governo e, em 1517, preparava-se o seu casamento com D. Leonor, irmã de Carlos 
V. É, porém, D. Manuel que vem a casar com ela, em virtude da morte da rainha D. 
Maria. Com 19 anos é aclamado rei e mais tarde casa com a irmã de D. Leonor, D. 
Catarina de Áustria.
O governo de D. João III pode 
compreender-se à luz de uma vasta política nacional e ultramarina, de que se 
assinalam os marcos essenciais:
1) Política 
ultramarina: O vasto império herdado pelo monarca e que se estendia por três 
continentes, impunha difíceis problemas de administração à distância. No 
Oriente, após uns primeiros anos de continuação de conquistas, as dificuldades 
começaram a surgir. Turcos e Árabes ofereciam uma resistência cada vez maior ao 
monopólio dos Portugueses e os ataques às nossas forças sucediam-se. Em África, 
as guarnições dos nossos castelos de Marrocos não conheciam vida calma. Homens e 
armas eram enviados com frequência, como reforço, ocasionando uma despesa enorme 
sem proveito correspondente, o que em breve se tornou insustentável. 
Abandonou-se Safim, Azamor, Alcácer‑Ceguer e Arzila. Como compensação das 
dificuldades no Oriente e revezes em Africa, voltou-se D. João III para o 
Brasil, realizando a primeira tentativa de povoamento e valorização daquele 
território, primeiro com o sistema de capitanias e depois instituindo um governo 
geral., com Tomé de Sousa à frente.
2) Relações 
externas: Em nenhum outro reinado da 2.ª dinastia manteve Portugal uma tão 
grande actividade diplomática, como no de D. João III, e com a Espanha, de uma 
maneira intensa. Com a França, de maneira bastante delicada, devido à guerra de 
corso movida pelos marinheiros franceses aos navios mercantes de Portugal e 
consequentes represálias por parte da nossa marinha de guerra. Com a Santa Sé, 
orientando-se no fortalecimento de relações, conseguindo D. João III o 
estabelecimento do tribunal da Inquisição em Portugal e aderindo os bispos 
portugueses ao espírito da Contra‑Reforma. Mais dentro do campo económico, são 
de pôr em realce as relações estabelecidas com os países do Báltico e a Polónia, 
através da feitoria de Antuérpia.
3) Política interna: A 
linha absolutista acentua-se nitidamente com D. João III. Este governa apenas 
com o auxílio do secretário de Estado, António Carneiro e seus dois filhos 
Francisco e Pêro de Alcáçova Carneiro. A máquina administrativa foi-se 
estruturando com centenas de regimentos, alvarás e cartas. Todavia, o seu 
reinado conheceu gravíssimas crises económicas e recorreu-se aos empréstimos 
externos. Fomes, epidemias e sismos fizeram também a sua aparição 
frequente.
4) Política cultural: A 
protecção à cultura foi uma dominante deste monarca. À sombra da corte viveram 
homens como Gil Vicente, Garcia de Resende, Damião de Góis. A esta época estão 
ainda ligados nomes como os de Sá de Miranda, Bernadim Ribeiro, André Resende, 
Diogo de Teive, Pedro Nunes, Camões, João de Castro, João de Ruão e outros 
ainda. É feita uma reforma da Universidade portuguesa e cria-se um Colégio das 
Artes.
5) Sucessão ao 
trono: Apesar da numerosa prole nascida do casamento régio, é o único neto 
do tronco varonil, D. Sebastião, que irá suceder a D. João III. A morte tinha 
ceifado todos os filhos do monarca.
6) A figura: D. João 
III tem merecido juízos discordantes na sua acção governativa. Para alguns foi 
um fanático, para outros um hábil monarca. É certo que recebeu o império no seu 
apogeu e o deixou no descalabro, mas para além da sua acção pessoal que não foi 
brilhante, havia outras causas mais profundas que, de qualquer maneira, 
produziriam os mesmos efeitos.D. João III faleceu a 11 de Junho de 
1557.
D. 
João III 1502 por António Mouro

D. 
João, enquanto Príncipe Herdeiro, no Tríptico dos Infantes; Mestre da 
Lourinhã

Catarina de Áustria (Consorte de D. João III ), obra 
de António Mouro