setembro 29, 2013

Poema de Eugénio de Andrade....

Onde me levas, rio que cantei, esperança destes olhos que molhei de pura solidão e desencanto? Onde me leva?, que me custa tanto. ... Não quero que conduzas ao silêncio duma noite maior e mais completa. com anjos tristes a medir os gestos da hora mais contrária e mais secreta. Deixa-me na terra de sabor amargo como o coração dos frutos bravos. pátria minha de fundos desenganos, mas com sonhos, com prantos, com espasmos. Canção, vai para além de quanto escrevo e rasga esta sombra que me cerca. Há outra fase na vida transbordante: que seja nessa face que me perca. Eugénio de Andrade.