No
 dia 12 de Julho de 1937 foi exposta ao público a obra "Guernica", na 
qual Picasso retratou o bombardeio da cidade basca pelos nazis em Abril 
daquele ano: um massacre que resultou em centenas de mortos.
A
 cidade de Guernica, com os seus 5 mil habitantes, foi completamente 
destruída pelos 250 quilos de explosivos e bombas incendiárias lançados 
pela Legião Condor dos nazis naquele fatídico 26 de Abril de 1937. A 
Espanha estava em guerra civil havia mais de dois anos. Os fascistas, 
seguidores do mais tarde ditador Franco, lutavam contra o governo 
republicano.
Enquanto
 os republicanos esperavam em vão a ajuda da Inglaterra e da França, 
Franco tinha na Alemanha e na Itália fortes aliados. Embora os alemães 
negassem a sua participação nos bombardeios, alegando tratar-se de 
"antipropaganda da imprensa judaica", testemunhas haviam identificado os
 símbolos nazis pintados nos aviões.
A
 cidade basca era um espinho aos olhos do general Franco, desde o início
 da guerra civil. Como Hitler era seu aliado e desejava testar a 
capacidade da sua Força Aérea, o alvo escolhido foi Guernica.
O
 horror do ataque foi fixado em óleo sobre tela pelo pintor espanhol 
Pablo Picasso no famoso quadro de mais de três metros de altura por sete
 de largura chamado Guernica. Ele foi a expressão máxima não só 
do sofrimento espanhol como do impacto devastador dos armamentos 
modernos de guerra sobre as suas vítimas em todas as partes do mundo. E a
 desgraça provocada pelo ataque a toda uma população civil.
"A
 civilização foi assassinada em Guernica", protestou o artista, que 
vivia no exílio em França. Sob encomenda do governo republicano de 
Madrid, Picasso pintou o seu protesto contra a guerra em apenas dois 
meses, chocado e ao mesmo tempo inspirado pelas testemunhas oculares que
 lhe narravam como presenciaram os bombardeios. No dia 12 de Julho de 
1937, Guernica foi apresentada no pavilhão da República Espanhola na Exposição Internacional de Paris.
Jamais
 na história uma obra de arte havia retratado a guerra de forma tão 
exemplar. Picasso desistiu de forma consciente do uso de símbolos 
políticos, mesmo assim a enorme tela conseguiu transmitir a angústia da 
população e o poder de destruição da força militar.
Ao
 visitar a exposição, um oficial da SS teria perguntado a Picasso: " Foi
 você que fez isto?", ao que o génio da pintura respondeu: "Não, foram 
vocês!".
O
 quadro, doado ao povo espanhol pelo pintor, estava num anexo do Museu 
do Prado e agora encontra-se no Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid.