Miguel Torga nasceu no dia 12 de agosto de 1907
 em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa Trás os Montes, aldeia onde
 cresceu e que o havia de marcar para toda a vida. De nome Adolfo Correia da Rocha, adoptou o pseudónimo de Miguel Torga(torga é o nome dado à urze campestre que sobrevive nas fragas das montanhas, com raízes muito duras infiltradas
 por entre as rochas). Depois de uma breve estadia no Porto, frequentou 
apenas por um ano, o seminário em Lamego. Em 1920 partiu para o Brasil, 
onde foi recebido na fazenda de um tio. Regressou depois a Portugal 
acompanhado do tio, que se prontificou a custear lhe os estudos em 
Coimbra. Em apenas três anos fez o curso do liceu, matriculando se a 
seguir na Faculdade de Medicina, onde terminou o curso em 1933. Exerceu a
 profissão na terra natal, passou por Miranda do Corvo, mas foi em 
Coimbra que alguns anos mais tarde acabou por se fixar. "Atordoado
 na meninice e escravizado na adolescência, só agora podia renascer ao 
pé de cada rebento, correr a par de cada ribeiro, voar ao lado de cada 
ave", pouco sociável, mitigou a solidão rodeando se de 
livros. Foi logo após ter entrado para a universidade, que deu início à 
sua obra literária, com os livros "Ansiedade" e "Rampa".
 Só em 1936 passou a usar o pseudónimo que o havia de imortalizar. Desde
 a década de trinta até 1944, escreveu uma obra vasta e marcante, em 
poesia, prosa e teatro. Não oferecia livros a ninguém, não dava 
autógrafos ou dedicatórias, para que o leitor fosse livre ao julgar o 
texto. Foi várias vezes candidato aPrémio Nobel da Literatura. Ganhou vários prémios entre eles o Grande Prémio Internacional de Poesia e em 1985 o Prémio Camões.
 Com ideias que se demarcavam do salazarismo, foi preso e pensou em sair
 do país, mas não o fez por se sentir preso à pátria e a Trás os Montes,
 longe do qual seria um "cadáver a respirar". A
 sua poesia reflecte as apreensões, esperanças e angústias do seu tempo.
 Nos volumes do seu Diário, em prosa e em verso, encontramos crítica 
social, apontamentos de paisagem, esboço de contos, apreciações 
culturais e também magníficos textos da mais alta poesia. Toda a sua 
obra, embora multifacetada, é a expressão de um indivíduo vibrante e 
enternecido pelas criaturas, tremendamente ligado à sua terra natal. 
Faleceu em 1995. Em 1996 foi fundado o Círculo Cultural Miguel Torga.
Bibliografia: Poesia:
 "Ansiedade" (1928), "Rampa" (1930), "Tributo" (1931), "Abismo" (1932), 
"O outro Livro de Job" (1936), "Lamentação" (1943), "Libertação" (1944),
 "Odes" (1946), "Nihil Sibi" (1948), "Cântico do Homem" (1950), "Alguns 
Poemas Ibéricos" (1952), "Penas do Purgatório" (1954), "Orfeu Rebelde" 
(1958), "Câmara Ardente" (1962), "Poemas Ibéricos" (1965). Ficção: "Pão 
Ázimo" (1931), "A Terceira Voz" (1934), "A Criação do Mundo" (5 volumes,
 1937 1938 1939 1974 1981), "Bichos" (contos, 1940), "Contos da 
Montanha" (1941), "Rua" (1942), "O Senhor Ventura" (1943), "Novos Contos
 da Montanha" (1944), "Vindima" (romance, 1945), "Pedras Lavradas" 
(contos, 1951), "Traço de União" (1955), "Fogo Preso" (1976). Teatro: 
"Terra Firme, Mar" (1941), "O Paraíso" (1949), "Sinfonia" (poema 
dramático)(1947). Literatura autobiográfica: "Diário" (16 volumes, 1941 
1993), "Portugal" (1950).

