Autor de uma obra singular, estruturada no contexto artístico internacional com consistente pioneirismo, Nadir Afonso apresenta-se como um dos artistas de maior relevo da arte portuguesa do século XX.
Diplomou-se em Arquitectura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto.
Realiza as primeiras exposições como aluno da Escola de Belas-Artes participando em todas as exposições do Grupo dos Independentes até 1946.
Em 1946, estuda pintura na École des Beaux-Arts em Paris, e obtém por intermédio de Portinari uma bolsa de estudo do governo francês e até 1948 e em 1951 colaborador do arquitecto Le Corbusier e serviu-se algum tempo do atelier Fernand Léger.
De 1952 a 1954, trabalhou no Brasil com o arquitecto Oscar Niemeyer.
Nesse ano, regressou a Paris, retomando contacto com os artistas orientados na procura da arte cinética, desenvolvendo os estudos sobre pintura que denomina "Espacillimité".
Na vanguarda da arte mundial, expõe, em 1958, no Salon des Réalités Nouvelles, o trabalho "espacillimités", animado de movimento.
Em 1965, Nadir Afonso abandona definitivamente a arquitectura; consciente da sua inadaptação social, refugia-se pouco a pouco num grande isolamento e acentua o rumo da sua vida exclusivamente dedicado à criação da sua obra.
Aos 90 anos, Nadir Afonso, continua a trabalhar com o mesmo prazer e entusiasmo de sempre, tentando encontrar a forma pura, absoluta, matemática. E três dias antes do seu aniversário, em entrevista ao DN Artes, afirma convicto: "Aos 90 anos posso dizer que encontrei um sentido para a arte, ou seja, encontrei as leis que regem a obra de arte."
Uma semana depois de, pela terceira vez, ter sido operado à coluna, Nadir Afonso já estava debruçado sobre uma das várias telas que tem começadas. Desenrolada no chão da sala de trabalho, no segundo andar da sua casa, em Cascais, o pintor descobrira algo que precisava de ser retocado. "Eu demoro muito tempo para criar uma obra", diz. "Isto é um namoro para encontrar a forma pura, porque há leis matemáticas", revela.
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