Companhia monopolista instituída pelo
Marquês de Pombal, ministro de D. José, através do alvará de 10 de setembro de 1756. A sua criação insere-se num ambiente de sobreprodução e de crise na qualidade do vinho do Porto. Este estado caótico devia-se sobretudo a uma tentativa de lucro fácil. Para manterem o nível de exportações para a Inglaterra, numa época de subprodução, os lavradores durienses optam por enfraquecer o produto final, admitindo vinhos de outras regiões vinícolas e adicionando baga de sabugueiro, entre outros produtos nocivos. As exportações baixam drasticamente, degenerando numa crise. A solução para o equilíbrio da região é encontrada pelo biscaínho Bartolomeu Pancorbo e pelos durienses Luís Beleza de Andrade e frei João de Mansilha, que propõem a instituição da Companhia das Vinhas do Alto Douro.
O seu primeiro despacho é a demarcação das propriedades segundo a qualidade dos seus vinhos, que significa a criação da primeira região demarcada e regulamentada do mundo. Os objetivos da Companhia eram "fomentar a cultura da vinha no Alto Douro, proteger a pureza do produto e controlar os preços", sendo publicados sucessivos diplomas para salvaguardar e melhorar a qualidade do vinho. A sua defesa a nível nacional tornou-se notória quando foi ordenado o arranque de vinhas noutros pontos do país que, eventualmente, poderiam concorrer com os vinhos do Douro. Contudo, a região não deixou de preocupar as autoridades, quer pelo excesso de produção quer pela adulteração, construindo-se armazéns na região para controlar a qualidade do vinho exportado. A Companhia tomou também a seu cargo diversas obras públicas no Douro e na cidade do Porto (como a abertura do Cachão da Valeira, em 1792).
O liberalismo e as suas guerras trouxeram de novo a instabilidade e inúmeras críticas à multifacetada e dominadora ação da Companhia, que acabará por ser transformada pelo rei D. Pedro IV numa mera empresa comercial, através de um decreto datado de 30 de maio de 1834. Entretanto sem organismos superintendentes, proliferam os vinhos do Porto adulterados que, juntamente com as perturbações do mercado inglês e a abertura da barra do Douro a todos os vinhos, mergulham o setor numa crise profunda. Foram então tomadas algumas medidas para controlar a crise, como a reabilitação da Companhia e o exclusivo dos portos do Douro para os vinhos durienses, logo em 1838. Contudo, a ação da Companhia durante as crises da década de 40 (sobreprodução) e de 50 (primeiras doenças da vinha) levaram à sua extinção definitiva em 1865.
O Marquês
de Pombal