Vê-se
primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis,
contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e
dominador. Tudo parado e mudo. Apenas se move e se faz ouvir o coração
no peito, inquieto, a anunciar o começo duma grande hora. De repente,
rasga a crosta do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:
- Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...
Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós?
Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico, porque o nume invisível ordena:
- Entre!
A gente entra, e já está no Reino Maravilhoso. (...) »
Miguel Torga, Portugal
- Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...
Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós?
Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico, porque o nume invisível ordena:
- Entre!
A gente entra, e já está no Reino Maravilhoso. (...) »
Miguel Torga, Portugal