A
informação sobre a vida de São José foi recolhida do primeiro e do terceiro
Evangelhos. Segundo São Mateus, o seu pai seria Jacob e a sua mãe Raquel. São
José terá nascido em Belém, terra de David e dos seus descendentes, de onde terá
ido viver para Nazaré, onde provavelmente terá morrido. Segundo São Mateus, São
José seria um tekton,
ou seja, uma espécie de mecânico e carpinteiro. Foi provavelmente em Nazaré que
São José conheceu e casou com a Virgem Maria que, à época da Anunciação, era
ainda sua noiva.
De
acordo com alguns relatos apócrifos, São José teria aos 40 anos de idade casado
com uma mulher chamada Melcha, com quem viveu 49 anos e de quem teve seis
filhos, um dos quais era Tiago, o Menor, "o irmão do Senhor". Um ano após a
morte da sua mulher, ouviu os padres anunciarem por toda a Judeia que procuravam
na tribo de Juda um marido para Maria que tinha doze ou catorze anos de idade.
Com noventa anos de idade, São José apresentou-se em Jerusalém entre os
restantes candidatos e sobre si recaiu a escolha de Deus manifestada através de
um milagre. O casamento foi realizado com a intenção de ambos os esposos de não
o consumarem, mas quando a Virgem Maria apareceu grávida São José resolveu
deixá-la, pois não estava ao corrente do mistério da Incarnação. Avisado por um
anjo, São José recebeu Maria e apenas alguns meses mais tarde foi para Belém,
onde Jesus Cristo nasceu. A ameaça de Herodes levou a Sagrada Família ao Egito
e, passados alguns anos e a iminência do perigo, de volta a Nazaré onde São José
continuou a trabalhar como carpinteiro para sustentar a família, ensinando a sua
arte a Jesus. A sua morte deverá ter ocorrido antes da vida pública de Jesus,
tendo acompanhado Jesus com 12 anos ao Templo de Jerusalém. Segundo uma história
apócrifa da sua vida terá chegado aos 111 anos de idade e segundo Beda,
o Venerável terá
sido enterrado no Vale de Josaphat. A verdade é que não se sabe a data da sua
morte e que provavelmente terá sido enterrado em Nazaré. Apesar de ter sido o
escolhido por Deus para esposo da Virgem Maria e pai putativo de Jesus, a
popularidade do seu culto não foi imediata, talvez devido ao facto de que nos
princípios da Cristandade eram venerados sobretudo os mártires. Os primeiros
traços do seu culto foram encontrados no Oriente, tendo sido festejado entre os
cristãos coptas desde o princípio do século IV, no dia 20 de julho. Segundo
Nicéforo Calisto, haveria um oratório dedicado a São José na basílica construída
por Santa Helena em Belém. Fontes gregas mencionam a festa de São José em 25 ou
26 de dezembro, existindo ainda duas comemorações em sua honra nos dois Domingos
anteriores e posteriores ao dia de Natal. No Ocidente, o nome de São José
aparece nos Martirológios dos séculos IX e X, havendo pela primeira vez uma
igreja construída em sua memória em 1129, em Bolonha. O seu culto foi aumentando
sob a influência de São Bernardo, São Tomás de Aquino, Santa Gertrudes e Santa
Brígida da Suécia. A sua festa foi introduzida pouco tempo mais tarde no
Calendário Dominicano e começou progressivamente a ser celebrada em várias
dioceses. Entre os seus mais fervorosos devotos contam-se São Bernardino de
Siena e Jehan Charlier Gerson, este último escreveu um Ofício para os Esponsais
de São José, promovendo o reconhecimento público do culto do santo no Concílio
de Constância de 1414.Durante o pontificado de Sisto IV, o seu culto foi
introduzido no Calendário Romano, a 19 de março, e a partir de então foi tendo
uma progressiva popularidade. De festum
simplex,
a princípio, passou a rito duplo por Inocêncio VIII, acabando por ser declarada
festa obrigatória por Gregório XV. Benedito XIII inclui o seu nome na Litania
dos Santos em
1726. Como um só dia festivo em honra de São José não era suficiente para o
povo, Paulo III permitiu que se celebrasse em 23 de janeiro, a Festa dos
Esponsais da Virgem Maria e de São José, primeiro pelos Franciscanos e depois a
todas as ordens e dioceses dos países que a solicitassem. A Ordem das Carmelitas
escolheu, em 1621, São José como seu patrono, tendo-lhe sido autorizada a
celebração da festa do patronato no terceiro Domingo depois da Páscoa que,
adotada pelo reino de Espanha, foi posteriormente estendida a todos os países
que a solicitaram. Durante o século XIX, a devoção a São José, especialmente
pelas classes trabalhadoras, cresceu sem comparação com nenhuma outra, tendo um
dos primeiros atos do pontificado de Pio IX sido a declaração da extensão a toda
a Igreja da festa do seu patronato e também da declaração em 1870 do Santo
Patriarca José como Padroeiro da Igreja Universal.
São José com o
menino Jesus de Guido Reni
São José, o
Carpinteiro,
de Georges de La Tour