abril 05, 2016

A casa de Aristides antes e depois!


Foto de António Ribeiro.Foto de António Ribeiro.
RECUPERADA A CASA DE ARISTIDES SOUSA MENDES QUE ESTAVA EM RUÍNAS
A Casa do Passal (em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, distrito de Viseu), onde o cônsul Aristides de Sousa Mendes viveu, tem a sua recuperação concluída, faltando agora a componente museográfica que vai povoar o seu interior. A Casa do Passal foi classificada Monumento Nacional em 2005, mas encontrava-se totalmente arruinada.
A CORAGEM DE UM HOMEM
No decurso da Segunda Guerra Mundial, Salazar proibiu expressamente (através da Circular nº 14) a concessão de vistos "a judeus, apátridas e outros indesejados”. Na prática, nenhum diplomata português estava autorizado a passar vistos de entrada, em Portugal, a judeus, ficando o prevaricador sujeito a procedimento disciplinar e demissão compulsiva do serviço público.
Aristides Sousa Mendes era um homem de raízes aristocráticas, mas nele os sentimentos humanistas e de compaixão pelas vítimas do nazismo falaram mais alto. Num telegrama de 21 de Junho de 1940, enviado por Aristides de Sousa Mendes ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, o diplomata confirmava corajosamente ter ordenado que se passassem vistos “indiscriminadamente e sem custos” aos judeus que fugiam da deportação para os campos da morte na Alemanha e na Polónia. Segundo historiadores judaicos, essa foi talvez a maior acção de salvamento feita por uma só pessoa durante o Holocausto.
A iniciatia de Aristides Sousa Mendes teve lugar em Bordéus, Bayonne e em Hendaye/Irun e continuou de um lado para o outro, salvando pessoas nas estradas do sul de França e até nas estações de caminhos-de-ferro, conduzindo mesmo pessoalmente um grupo de refugiados através dos Pirenéus, a pé e de automóvel.
Segundo os registos da polícia política, entraram em Portugal, só nos dias 17, 18 e 19 de Junho de 1940, cerca de dezoito mil pessoas com vistos assinados pelo Cônsul desobediente. Os guardas da fronteira de Vilar Formoso não se lembram de alguma vez terem visto tanto movimento. O Alto Comissariado para os Refugiados da Sociedade das Nações (antecessora da ONU) calculou que, apenas nesse Verão, terão entrado, em Portugal mais de quarenta mil refugiados, alguns dos quais Aristides acolheu na sua própria casa de Cabanas de Viriato.
Salazar demitiu Aristides das suas funções e obrigou-o a morrer na miséria, a 3 de Abril de 1954.
Nas fotos, vemos a casa antes e depois da sua reabilitação. Também Aristides e parte da sua família, numa foto da época.