ROSA
LOBATO DE FARIA, in OS DEUSES DE PEDRA (Guimarães Ed., 1983), in A
NOITE INTEIRA JÁ NÃO CHEGA - POESIA 1983-2010 (Guimarães, 2012)
Pelas sete da tarde
é que o sonho começa:
a tua mão na minha
e a minha cabeça
encostada no teu ombro
Depois é o assombro
do amor reencontrado
a sós no nosso canto
O silêncio o espanto
a paixão o segredo
a recusa do medo
o meu falar alegre
o teu livro tão sério
a música tão leve
o instante tão breve
o sono e o mistério.
Pelas sete da tarde
é que o sonho começa:
a tua mão na minha
e a minha cabeça
encostada no teu ombro
Depois é o assombro
do amor reencontrado
a sós no nosso canto
O silêncio o espanto
a paixão o segredo
a recusa do medo
o meu falar alegre
o teu livro tão sério
a música tão leve
o instante tão breve
o sono e o mistério.
Às sete da manhã
é que o sonho termina
E afrontamos o dia
a tua mão na minha
um trejeito na alma
um tremido na boca
até que a multidão
me leva e me sufoca
e nos desprende e solta
os meus dedos nos teus
Há um barco que chega
um comboio que chora
Num mar de gente à deriva
eu náufraga da hora
ergo um braço no ar
p'ra te dizer adeus.
é que o sonho termina
E afrontamos o dia
a tua mão na minha
um trejeito na alma
um tremido na boca
até que a multidão
me leva e me sufoca
e nos desprende e solta
os meus dedos nos teus
Há um barco que chega
um comboio que chora
Num mar de gente à deriva
eu náufraga da hora
ergo um braço no ar
p'ra te dizer adeus.