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março 30, 2016

Poema de Miguel Torga


Coimbra, 30 de Março de 1938.

SECURA

Tarde de primavera.
Como quem é do mundo,
Bebo sol e quimera,
E mergulho as raízes mais no fundo.

Vida!
O tutano da terra — seiva!
A semente aquecida
No carinho da leiva!
O que um ser de dois pés sabe dizer!...
Infelizmente, isto de germinar,
Nem se faz a morrer,
Nem se faz a pensar.

Diário I
Miguel Torga