Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco foi um dos escritores mais profícuos do segundo Romantismo português. Poeta, panfletário, polemista, prefaciador, crítico, tradutor, romancista, dramaturgo, bibliografo, historiador, cultor de todos os géneros, o conjunto da sua obra literária é o mais vasto e diversificado de todo o século dezanove. No romance, género que mais versou (publicou cinquenta e quatro romances), Camilo escreveu na fronteira entre o idealismo romântico (mas já, de certo modo, sob a influência da corrente realista) e a tentativa de alcançar a estética da geração naturalista, primeiro na forma de pastiche estilístico, mais tarde como adesão (embora reactiva) ao movimento de que, no íntimo, desdenhava.
Nascido em Lisboa, cedo ficou órfão e passou a viver em Vila Real de Trás-os-Montes com a irmã, mais velha, e uma tia paterna. Depois do casamento da irmã, vai viver com ela para Vilarinho da Samardã onde o irmão do cunhado, o padre António José de Azevedo, o iniciou nos primeiros estudos. A vida aldeã e as recordações de infância perpassam pelas suas narrativas, todas elas, de uma forma ou outra, dotadas de um cunho autobiográfico ou do relato ficcionado de incidentes a que o escritor assistiu ou lhe foram narrados pelos próprios protagonistas. (...)
Páginas
▼