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novembro 07, 2016

Poema de Florbela Espanca

Há nos teus olhos de oiro um tal fulgor
E no teu riso tanta claridade,
Que o lembrar-me de ti é ter saudade
Duma roseira brava toda em flor
Tuas mãos foram feitas para a dor,
Para os gestos de doçura e piedade;
E os teus beijos de sonho e de ansiedade
São como a alma a arder do próprio Amor!
Nasci envolta em trajes de mendiga;
E, ao dares-me o teu amor de maravilha,
Deste-me o manto de oiro de rainha!
Tua irmã... teu amor... e tua amiga...
E, também, toda em flor, a tua filha,
Minha roseira brava que é só minha!...

Florbela Espanca, em "Reliquiae"

Foto de sonhar a realidade.