Os autos de fé eram cerimónias públicas nas quais se liam e se
executavam as sentenças inquisitoriais dos presos. Os autos de fé eram
realizados aos domingos e iniciavam-se com uma procissão. À frente desta
procissão iam sempre os frades dominicanos. Estes frades transportavam a
bandeira do Tribunal da Inquisição ou do Santo Ofício. Atrás dos frades
dominicanos caminhavam, descalços, os penitentes. Os penitentes
transportavam uma vela de cera. Nas vestes
dos penitentes encontrava-se pintado o castigo. Vestes com chamas com
pontas para cima significavam que o penitente iria ser queimado vivo
(morte na fogueira); se as chamas se encontravam viradas para baixo,
queria dizer que o penitente tinha uma outra oportunidade (não iria
morrer na fogueira). Ao lado dos presos ou penitentes, caminhavam todas
as pessoas que colaboravam com o Santo Ofício (os familiares do Santo
Ofício). Esta colaboração para com este tribunal traduzia-se em
privilégios. Seguiam-se os inquisidores e, por último, o
inquisidor-geral que ia sempre acompanhado por nobres. Podemos
caracterizar os autos de fé como "espetáculos" moralizantes e mórbidos
que atraíam imensas pessoas. Nestas cerimónias o rei assistia, das
janelas do Paço da Ribeira, às sentenças.