EUGÉNIO DE ANDRADE, in BRANCO NO BRANCO (1984, Limiar, 5ª ed., 1993)
XXIV
O mar. O mar novamente à minha porta.
Vi-o pela primeira vez nos olhos
de minha mãe, onda após onda,
perfeito e calmo, depois,
XXIV
O mar. O mar novamente à minha porta.
Vi-o pela primeira vez nos olhos
de minha mãe, onda após onda,
perfeito e calmo, depois,
contra falésias, já sem bridas.
Com ele nos braços, quanta,
quanta noite dormira,
ou ficara acordado ouvindo
seu coração de vidro bater no escuro,
até a estrela do pastor
atravessar a noite talhada a pique
sobre o meu peito.
Este mar, que de tão longe me chama,
que levou na ressaca, além dos meus navios?
Com ele nos braços, quanta,
quanta noite dormira,
ou ficara acordado ouvindo
seu coração de vidro bater no escuro,
até a estrela do pastor
atravessar a noite talhada a pique
sobre o meu peito.
Este mar, que de tão longe me chama,
que levou na ressaca, além dos meus navios?