Páginas

março 02, 2016

Jornal de Letras celebra 35 anos na defesa da Língua Portuguesa


José Carlos de Vasconcelos (Foto RTP/Flickr)
José Carlos de Vasconcelos
Lisboa, 01 mar (Lusa) – O quinzenário JL-Jornal de Letras, Artes e Ideias celebra 35 anos na quinta-feira mantendo o seu foco na defesa da Língua Portuguesa, valorização da criação e dos seus criadores, disse o seu fundador e diretor José Carlos de Vasconcelos.
Em declarações à Lusa, José Carlos Vasconcelos salientou o papel do JL como “elo de ligação, sem pretensiosismos” entre a comunidade de Língua Portuguesa.
“Um dos papéis importantes que o JL teve, e de que me orgulho, foi o desempenhado na constituição da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), mesmo que não tenha correspondido depois aquilo que eram as nossas aspirações”, disse.
“Foi o Jornal de Letras – recordou – que promoveu a primeira mesa-redonda luso-afro-brasileira, precursora da Comunidade [CPLP), obviamente com o apoio da embaixada do Brasil e do embaixador José Aparecido de Oliveira, que é o grande homem da génese da Comunidade”.
“A certa altura, o JL foi quase que o órgão não dessa instituição, mas desse sonho e desse projeto, e é um desses objetivos de base que se mantém”, rematou.
Referindo-se aos primeiros tempos, Vasconcelos recordou que “as pessoas em geral não acreditavam que fosse viável e que fosse durar”.
“O meu querido amigo Fernando Assis Pacheco (1937-1995), grande jornalista e poeta, que eu queria que fosse chefe de redação, também partilhava desta ideia, e lembro-me de ele dizer ‘vamos lá fazer isso, como só dura seis meses’”, contou.
O JL dura há 35 anos “com bastante sacrifício e esforço e é a única coisa que eu dirijo desde o início”, mesmo quando foi deputado à Assembleia da República, eleito pelo extinto Partido Renovador Democrático, na década de 1980, referiu,
Em 1985, aquando da sua fundação, contou José Carlos Vasconcelos, “os suplementos literários [dos jornais] tinham acabado, e as publicações similares davam pouco relevo às matérias da cultura, das artes e da língua”.
Para Vasconcelos, “esta era uma vertente fundamental; ocupar esse espaço e na ótica de valorizar a criação, os criadores portugueses e a Língua Portuguesa”.
No âmbito da Língua Portuguesa, Vasconcelos recordou o papel do escritor António Alçada Baptista (1927-2008), enquanto presidente do Instituto Português do livro e da Leitura, que decidiu subscrever o jornal e, desde modo, colocá-lo nas universidades e leitorados onde se ensina a Língua e Cultura portuguesas e nas principais bibliotecas.
Segundo Vasconcelos, “a presença e influência do JL ultrapassa em muito o que aqui [em Portugal] pode parecer”. O responsável adiantou que o JL tem uma tiragem de mais de 10.000 exemplares, além de estar disponível “online” em http://visao.sapo.pt/jornaldeletras.
O diretor realçou ainda a influência do JL no “boom da Literatura Portuguesa na década de 1980, pois era através do quinzenário que as editoras estrangeiras tinham conhecimento do que era novidade em Língua Portuguesa”.
A atualidade da presença cultural portuguesa no mundo é seguida através de um “encarte” quinzenal, mantido através do Camões-Instituto da Cooperação e da Língua.
O JL mantém também, mensalmente, o JL-Educação, dando continuidade a um projeto do início do JL que foi o Jornal da Educação. Através de um protocolo com o Ministério da Educação, o JL encontra-se disponível em todas as bibliotecas escolares, “mas mais do que isso, visa também contribuir para um debate sobre a Educação”
José Carlos Vasconcelos considera-se “pai e mãe do JL”, um jornal que “mantém a sua total independência de tendências, orientações, mesmo até estéticas”.
O primeiro JL
O primeiro dia de vida do JL, a 3 de março de 1981 (Extraído do Facebook)